A questão era muito simples. António José Teixeira, director
da SIC notícias, olhando o seu convidado “olhos nos olhos”, como quem quisesse,
com esse olhar, transmitir um sinal orientador para uma determinada resposta e,
assumindo aquele ar de serena sapiência que aparenta possuir, perguntou:
- Não haverão outras formas de captar receitas para o
estado, que não as previstas no Orçamento de 2014?
O “econom***as” que ocupava o lugar de convidado – não me
perguntem o nome pois, dada a falta de originalidade do discurso, já não os
distingo – assumindo uma postura séria, iluminada e professoral, transmitiu a
seguinte verborreia:
- Hummm… Haver há, mas, seja como for, é sempre dinheiro que
vai deixar de circular na economia.
AJT, na sua missão de jornalista sério e isento – e que
missão árdua tem de assumir – continuou a reflexão com a seguinte questão:
- Mas, acha que o governo não poderia, em vez de cobrar IRS,
cortar na despesa. Não haverão outras formas de conseguir esse dinheiro?
Claro que AJT poderia ter dito que poder-se-ia cortar nas
PPP’s, nas rendas da EDP, nos pareceres milionários do Júdice, Vitorino e
outros, mas não. Poderia também questionar se, em vez de se cobrar no IRS, não
se poderia antes cobrar na bolsa, na banca, nas fortunas acumuladas e
concentradas, etc… Podia, mas não pode. Não pode? Não, não pode! O digo eu!
Mas, o que será que respondeu o outro “guarda-livros”? Bem,
respondeu algo que, nem como piada o poderíamos considerar adequado:
- Veja, meu caro AJT, se o estado cortar na despesa, por
exemplo como alguns dizem, se cortar nas PPP’s, esse dinheiro vai deixar de
circular na economia. Ora, se o estado não pagar às PPP, esse dinheiro já não
pode ser pago em salários e em consumo.
- O mesmo sucede com os impostos. Se o estado cobrar às famílias,
elas deixam de consumir. Se o estado cobrar às empresas, aos bancos, etc.,
estas organizações deixam de utilizar o dinheiro para pagar salários aos seus
“colaboradores”. Portanto, meu caro AJT, isto vai dar sempre ao mesmo. É
dinheiro que deixa de circular na economia do país.
Este “econom***as” disse isto, com a maior das seriedades,
isenção e sobriedade. Claro, para ele o dinheiro ir para uma empresa que o faz
sair do país para um paraíso fiscal, ou para uma família que o vai gastar no
consumo interno, é a mesma coisa. O dinheiro ir para uma empresa que o vai
acumular numa fortuna de um qualquer accionista, ou, paulatinamente, o vai
gastar em especulação desenfreada, é o mesmo que esse dinheiro ir ou ficar numa
família que o gastará em bem essenciais, ou em poupança que, posteriormente,
poderia originar investimento. De facto, tem tudo a ver.
O mais grave disto tudo é que, o sr Director da SIC N, AJT,
assiste a isto tudo impávido e sereno, esquecendo-se, nesta altura, do seu
papel deontológico de jornalista sério e isento. AJT assiste a esta mentira,
omissão ou desonestidade intelectual descaradas e, tudo bem.
Depois chamam a
estes programas, programas de informação.
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