há mais de 2000 anos já se sabia!

Cuidado! Vê o que acontece se não participares. Já Platão o sabia. Quantos mais milhares de anos serão necessários para tu também o saberes?

A injusta repartição da riqueza!

Consideras justa esta repartição da riqueza? Então o que esperas para reinvindicares uma mais justa? alguém que o faça por ti? Espera sentado/a!

Não sejas mais um frustrado/a!

Não há pior frustração do que a que resulta da sensação de que não fizemos tudo o que podiamos!

O populismo de esquerda não existe




 Os comentadores e a isenção

Os comentadores da nossa praça – refiro-me aos que considero minimamente sérios e livres na sua opinião –, numa lógica aparentemente neutra ou pseudo isenta, quando se referem à actual crise e ao actual panorama “austeritário”, costumam transmitir a sua preocupação quanto à sobrevivência do actual sistema democrático.

Nesse desfilar de causas e consequências, é costume referirem a seguinte opinião: “este tipo de governação vai levar ao fim da nossa democracia”. Todos percebemos isso, sobretudo, quando outra análise não pode resultar da actual sequência de perda de direitos, liberdades e garantias. A continuar este estado de coisas, muita coisa irá, certamente, ao ar.

No entremeio das suas preocupações com o aumento da conflituosidade social – continuo sem perceber esta obsessão pela situacionista “paz social” – e com o aumento do descontentamento popular, é com toda a aparente sapiência que dizem: “o descontentamento leva ao voto no populismo”. Até aqui tudo bem, estamos de acordo.

Nãos e ficando por aqui, como cão com medo das arrelias do dono, os nossos comentadores acabam por concretizar a ideia anterior com a seguinte ideia: “o voto do descontentamento é canalizado para extrema-direita e para a extrema-esquerda”.

Como costumo dizer, uma no cravo e outra na ferradura. Afinal, é tal ideia de "centrismo" filosófico e ideológico que lhes garante, em toda a extensão, a presença nos meios de comunicação social.

É, nesta ultima ideia que os comentadores mais idóneos da nossa praça – estou a falar apenas e tão só de comentadores políticos e não de políticos convidados a comentar – acabam por desvelar a sua real idiossincrasia.

O voto do descontentamento é canalizado para a extrema-esquerda? Quando é que isso aconteceu? Alguém é capaz de dar um exemplo que seja de um país democrático, no qual o descontentamento popular com os partidos do centro tenha descambado, num voto submetido a uma lógica populista de extrema-esquerda? Conhecem apenas um exemplo?

O voto do descontentamento

Vejamos alguns casos. A Finlândia: verdadeiros finlandeses, extrema-direita populista. França: Marie Le Pen, extrema-direita populista. Itália: Pepe Grilo, palhaçada indeterminada. Áustria, Holanda, Irlanda, Inglaterra, Bélgica, Hungria… Poderia continuar. Todos de direita bem extrema. Á excepção do palhaço Pepe Grilo que, para nossa sorte serviu de catalizador contra os votos que poderiam dirigir-se para o mafioso “Berlusconi” e que, curiosamente, não é visto como populista e demagogo, mas sim, como um homem do sistema.

Concluindo, nem um só exemplo de voto de descontentamento à extrema-esquerda. Nem um. O voto incauto, o voto desinformado, o voto da falta de ideologia, o voto xenófobo, o voto intolerante, o voto de raiva, o voto sentimental é sempre, mas sempre, um voto de direito. Sempre.

As diferenças

Podem vir com as Venezuelas, os Equadores e as Bolívias. Esses votos não são votos populistas ou desinformados. Sabem porquê?

Primeiro: o populismo assenta na seguinte ideia – dizer ao povo o que ele quer ouvir sem que se tenha a mínima intenção de o satisfazer. O objectivo é tão só ser eleito e obter o poder. Daí a expressão “populismo”. Ora, nos casos apontados ocorridos na América latina, estamos perante governantes que, mal ou bem, têm tentado governar ao serviço do povo e dos mais desfavorecidos, promovendo uma mais justa redistribuição da riqueza e com total respeito pelas regras democráticas. Aliás, ao contrário dos populistas que, ou descambam em ditadura ou são corridos do governo (lembram-se do Haider da Áustria?), estes ganham eleições sem conta, umas atrás das outras, devido ao reconhecimento daqueles para quem governam.

Segundo: O voto à esquerda, não à extrema-esquerda, embora hoje em dia goste-se de catalogar a verdadeira esquerda como “extrema”, é sempre um voto informado. Um voto de conhecimento de causa. É o voto de quem reconhece a vantagem de votar em alguém que tem a intenção de governar numa determinada direcção. Porque é que no Alentejo se votava no PCP? Por causa da Reforma Agrária, por exemplo. A reforma Agrária deu aos pobres a primeira oportunidade de dignidade das suas vidas. Daí o voto informado, o voto assente na experiência e no conhecimento de causa. O voto conquistado. Julgo que todos reconhecemos que as câmaras municipais do PCP, durante décadas foram das únicas bem geridas em Portugal. A situação era conhecida. Bastava, nos anos 80, comparar as câmaras do Alentejo às de Trás-os-Montes.

Terceiro: O uso da demagogia pode ocorrer na esquerda? Claro que pode. Mas nãos e confunda demagogia, com populismo. A demagogia consiste em exagerar um determinado facto de forma a dar-lhe um destaque que não merece ou uma dimensão superior à que realmente possui, retirando daí, dividendos eleitorais. Mas não é o mesmo que inventar factos ou mentir, como sucede no populismo. Infelizmente, o jogo demagógico é profícuo em política e, deixem-me dizê-lo, não é a esquerda que mais abusa dele.

Conclusão: senhores comentadores, não confundam extrema-esquerda com a extrema-direita. Não são a mesma coisa. No primeiro caso falamos de um voto descontente mas de revolta, de intenção revolucionária. No segundo caso, falamos de um voto reaccionário, xenófobo e intolerante. Sorte a nossa que o descontentamento e o sentimento de reacção desembocasse à esquerda. Sorte a nossa. Mas não é, nem poderia ser o caso. Ao voto de extrema-direita falta-lhe a informação, o conhecimento e o sentido de justiça. Falta-lhe a sabedoria. Não é a toa que o discurso mais básico de todos é sempre um discurso de extrema-direita. O discurso do retrocesso é sempre um discurso de extrema-direita.

Não vamos mais longe, o governo que mais nos leva em direcção ao passado é o governo em que manda o CDS-PP. Lembram-se das feiras, dos táxis e dos velhotes? Já sabem o que o populismo?

Gas, petroleo e muita desinformação, para variar

Petróleo e Gás em Portugal? Quem bom! Dizemos todos em coro, dando voz a uma ténue esperança de que todos os nosso problemas e insuficiências se resolvam sem que necessitemos de "mexer uma palha".

Como já foi noticiado, quer no Algarve, quer na região Oeste, quer provavelmente noutros locais da nossa enorme plataforma continental, a possibilidade real de se iniciar a extracção de combustíveis fósseis é muito grande. Isto claro, quando e apenas quando, tal interessar às grandes corporações petrolíferas, atrás das quais os nossos governantes avidamente se arrastam.

Agora, o que é que o povo sabe sobre este processo? O que é que foi noticiado? Quem é que tem sido envolvido, das comunidades locais às organizações sociais e democráticas nacionais? Muito pouco se tem ouvido falar, aliás, tudo muito dentro da lógica informativa da nossa comunicação social. Pouco inquisitiva dos poderes reais (e muitas vezes, dos formais também), pouco plural e pouco esclarecida.

Todos ouvimos falar de que a concessão destas explorações teria de ser atribuída a petrolíferas privadas. São elas que detêm a tecnologia e o know how. Chegámos a ouvir falar de uma contrapartida de 0,20€ o barril de petróleo extraído. Muito dinheiro, sem dúvida, principalmente quando se vende o mesmo barril, nos mercados internacionais, a valores acima dos 100€.

Como sempre, este assunto, tal como outros, não foi democraticamente tratado, nem do objecto da informação esclarecida, esclarecedora e plural que seria própria de uma comunicação social que se diz livre. Para estes senhores, a liberdade existe desde que sejam livres do estado. Já no que respeita à liberdade que têm em relação a outros poderes bem mais insidiosos, autoritários e antidemocráticos...

Bem, mas um dos aspectos mais sensíveis de toda esta problemática tem a ver com as técnicas de extracção. Ouviram falar alguma coisa sobre as técnicas de extracção a utilizar? Eu também não! Pelo menos até tropeçar, na internet, em algumas noticias sobre a contestação do povo Romeno à petrolífera Americana Chevron.

Pesquisei um pouco mais e descobri que, uma das técnicas de extracção que estão em cima da mesa para Portugal, a principal, consiste no "Fracking". Basicamente, trata-se de uma técnica de "pressurização hidarulica" que consiste na injecção na camada rochosa, a altas pressões, de água adicionada de componentes químicos diversos. Esta pressurização abre fissuras na rocha, cuja abertura é mantida pelos químicos que estão na água, sendo por estas fissuras que os fluidos fósseis migram dos seus reservatórios naturais para o poço entretanto construído.

Até aqui tudo bem, pois esta técnica é utilizada desde 1947. Contudo, então porque é que na Roménia se contesta tanto? Porque é que na França, Canadá, África do Sul, Inglaterra, para falar de apenas alguns, esta técnica, ou está proibida ou suspensa?

É aqui que a desinformação actua, e tem actuado ao longo destes anos, por acção da actividade corruptora das gigantes corporações petrolíferas.

Quer dizer, adjudicam-se concessões a corporações que vêm desenvolver trabalhos com impacto ambiental profundo, sem serem realizados quaisquer estudos de impacto ambiental; sem se envolverem as comunidades locais; sem serem aplicados quaisquer mecanismos de controlo democrático.

Infelizmente, esta situação é típica de um país à procura de si próprio e dominado por uma elite subserviente aos mais autocráticos poderes financeiros.

Força Povo Romeno, corram com essa cambada daí para fora.