“Não
sendo a Lituânia um estado social, na falta de cuidados paliativos, os pobres
que estiverem doentes, podem recorrer à eutanásia, para não terem de
sobrecarregar os seus familiares com o encargo dos tratamentos de que
necessitam” (tradução livre).Estranho nenhum órgão da chamada Média de "referência" fazer eco desta declaração, que todos podemos encontrar na Internet. Estranho? Não! a "comunicação social" passou a "comunicação feudal".
Estas
foram as palavras de Ilze Šalaševičiūte, ministra da Saúde (ou da falta dela)
da Lituânia, aquando do lançamento de um debate sobre a eutanásia. Esta
senhora, no seu pensar, ainda conseguiu encontrar uma aplicação “caridosa” para
a eutanásia. Afinal, os pobres não são obrigados a viver sem tratamento.
Aplica-se a “solução final” e catrapumba, abracadabra, magia… Deixam de ser
pobres!
É
esta a linha de pensamento em voga, é mais fácil eliminar, do que construir. Que
descoberta dos diabos. A mim sempre me ensinaram que “destruir” é fácil, o difícil
é “construir”. Esta é a descoberta política neo-liberal. Se é preciso construir
e dá trabalho, exige recursos e dinheiro… Então destrói-se. Principalmente, se
esses recursos, esse dinheiro, forem canalizados directamente para a “economia”.
É
assim na Lituânia, é assim em Portugal, em Espanha, na Inglaterra, em França e
em todo o lado onde o neo-liberalismo ultra-radical, extremista e sectário
governa. O dinheiro não é para distribui, é para acumular. O dinheiro não é
para as pessoas, é para o capital. O estado não pode redistribuir, só pode
enriquecer. A democracia é linda, se servir para manter 40% da riqueza em 0,7%
da população.
Ora,
não admira que tais “democratas” apelidem o “Syriza” ou o “Podemos” de radicais
e de extrema-esquerda. Tudo depende da perspectiva, se estiverem tanto à
direita como estão, até o PS já lhes começa a parecer demasiado “esquerdista”.
O que sucede, de facto, a tomar em conta as palavras de Lobo Xavier na
quadratura do círculo, quando chamou de “marxista” a Pacheco Pereira por este
defender uma redistribuição mais justa da riqueza. Ou disse que o PS estava à
esquerda do PCP e do BE por este se recusar a aprovar a reforma governamental “pró
natalidade” do IRS.
De
facto, é ponto assente, observável e constatável que, na escala de identificação
política “esquerda-direita”, a “praxis” política do regime vigente tem vindo a
virar, nesta fase mais abruptamente, à direita.
Por
cá, Marques Lopes, sempre tão zelador da “sua” liberdade de opinião, insiste em
chamar de extrema-esquerda ao “Podemos” de Espanha, mesmo dizendo que “não
conheço bem esse movimento”. A mim disseram-me sempre que, se não sabes…
Cala-te! Lobo Xavier coloca, na sua
escala extremista, o Syriza ao nível da Frente Nacional Francesa. Se Passos
Coelho e a sua trupe bolorenta e salazarenta defendem que a despesa social é “gordura”,
tentando voltar ao pré 25 de Abril, quando a despesa social não existia ou era “feudo”
de uma elite. O nosso ministro “erro” Crato, insiste em continuar a sua senda
de elitização da educação. Se o ministro “motoreta” insiste em glorificar as
cantinas sociais ao mesmo tempo que corta nos subsídios da segurança social. Se
este desgoverno anti-social insiste em reconstruir os oligopólios reaccionários
do antigamente, chamando-lhe “crescimento económico”.
E no
resto do mundo? Bem, no resto do mundo as coisas não vão melhores,
principalmente após a queda do bloco de leste. A queda do muro de Berlim tão
celebrada pelo capital transnacional e ultra-individualista, deu lugar a um
fosso. Um fosso entre o povo, entre quem trabalho e os que exploram essa gente.
Com o muro, podíamos chocar contra ele, com o fosso… Caímos e morremos. Pior,
bem pior.
Na
Hungria, a ditadura fascista já vai avançada e já ilegalizou o Partido
Comunista. Na Ucrânia, os neo-nazis dominam o país quase todo. De genocídio em genocídio,
de vala comum em vala comum, o fosso cheio de corpos, conta com a “capa” de silêncio
da “comunicação feudal” e “anti-social” para estenderem a sua manta a outros países.
Países como a Lituânia, no qual se fazem, hoje, manifestações em Vilnius de
glorificação do exército nazi, na sua luta contra a URSS.
Nos
EUA, reabriu a época das pilhagens e, na ausência do “travão” URSS, passou-se
novamente à política da bandeira. Coloca-se a bandeira Americana (ou na NATO)
num território, e ocupa-se… E não se metam à frente… A propaganda de Hollywood
da guerra fria voltou, e é só filmes sobre o Irão, a Rússia, os bons e “democratas”
Americanos… Voltou, também, a destruição de países inteiros, principalmente
aqueles que, no quadro de cada região são os mais progressistas. A Síria, único
regime laico do médio oriente, foi destruído pelo ISIS, apoiado pelos EUA. A Líbia,
mais avançada que a maioria dos países muçulmanos, foi destruída pelos amigos
de Sarkozy e da NATO. O Brasil do PT, sofreu um ataque brutal, com uma acção
massiva na “comunicação feudal”, que usava todas as TV’s, jornais e revistas
para passar toda a desinformação que seja possível imaginar. Na Venezuela,
promove-se uma guerra civil… Ricos de um lado, pobre do outro. Evo da Bolívia,
tentaram matá-lo, com a conivência do governo de Paulo Portas e Passos Coelho.
Na
Colômbia, na Venezuela, os EUA continuam a apoiar movimentos para militares, de
extrema-direita, para combaterem quaisquer movimentos progressistas que surjam.
A Alemanha
rearma-se em grande, a Rússia também, a Polónia, a China… Todos correm às
armas. O Estado social está sob ataque cerrado… É preciso pagar as armas que
trarão lucros fantásticos aos falcões de guerra.
No
trabalho, a contratação colectiva é um vestígio arqueológico de dias felizes, o
direito ao trabalho está em vias de supressão e a precariedade passou a ser a
imagem de marca de toda uma sociedade. Tudo é precário… Menos a riqueza de quem
a detém.
Os
comunistas, os socialistas, os verdadeiros democratas e os progressistas,
passaram a ser apelidados de “extremistas”, colocados num pacote “populista” e “demagogo”.
Ora acusam-nos de “ideológicos”, oram acusam-nos de “utópicos”. O pragmatismo
ultra-monetarista e economicista, foi elevado a ciência… Nem por sombras
admitem ser ideológico.
Como
todos os comunistas e progressistas anteviram – não, não era preciso ser
vidente, cientista ou economista – a queda do bloco de leste iria repercutir-se
com toda a sua força negativa na humanidade. O fim do bloco socialista não
trouxe mais democracia, trouxe totalitarismo financeiro, feudalismo económico e
extremisto neo-liberal. O fim do bloco socialista não trouxe mais liberdade,
trouxe a ultra-vigilância, a tortura como forma de interrogatório e a
massificação da manipulação informativa pela “comunicação feudal”, que deixou
de ser “social” (se é que algum dia o foi). O fim do bloco de leste não trouxe
mais justiça nem bem-estar. Trouxe a “ teoria do choque” ultra liberal de volta
e o fim do estado social. Com a “teoria do choque” e a sua “austeridade”, na
França, na Inglaterra, na Holanda, na Itália e em muitos outros países,
ganharam fôlego partidos de extrema-direita.
Ao
contrário do que diz Marques Lopes, o regime nãos e importa com isso. Quanto
mais à direita, mais longe dos comunistas. Quanto mais longe dos comunistas,
mais perto dos capitalistas… Não há terceira via, e quem o prova é a história
humana. Mais uma vez, a viragem para a direita, trará apenas mais ditadura…
E a
guerra? A guerra, como disse antes, quanto a esta, só posso dizer mais uma vez…
Abriu a campanha das pilhagens e é um ver se te avias.
Ainda
têm dúvidas de que o mundo se aproxima, mais uma vez, da direita e consigo do
fascismo, seja de que tipo for?
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