PRISM. Escondam-se!
Conhecem o Programa Americano “Prisma”? Conhecem Edward
Snowden? E a NSA? E a CIA? E Julien Assange? E o Wikileaks? O que têm eles em
comum?
Bem, Edward Snowden, ex funcionário da CIA e NSA, veio, com
o apoio do Wikileaks, denunciar o desenvolvimento de um programa de vigilância
electrónica, que, em prática, permitirá aos serviços repressivos dos EUA (CIA,
FBI, NSA…) vigiar as mensagens telefónicas, mails, SMS e outras, de todo o
mundo e de toda a gente. Novo? Não, já tinham o Echelon.
Pois é, só que hoje, o ECHELON está ultrapassado e então, os
EUA (um congressista americano chamou-lhes os “United Stasi of América”)
preparam o programa PRISM. Basicamente, trata-se de um programa informático,
baseado em palavras-chave que será aplicado com a ajuda de quem? Pois é, aqui é
que está a inovação. O PRISM será aplicado com a ajuda das grandes corporações
de Telecomunicações mundiais. Á cabeça já estão duas empresas Israelitas
(tinham de estar!).
Julien Assange propõe a ES que aceitasse o asilo político num
país da América Latina. Contudo, já a Islândia veio dizer que lho dava, se ele
quisesse (grande Islândia!).
Para além da gravidade das intenções desta gentalha, destes
tiranos hipócritas que, ainda por cima, dizem que fazem estas coisas em nome da
liberdade e da democracia, esta notícia é um enorme aviso sobre os perigos de
uma sociedade dominada por corporações financeiras monopolistas para as quais só
o dinheiro importa, para as quais os seres humanos são apenas instrumentos do
seu poder e riqueza desmedidas. Como já disse, há mais de 100 anos, um grande
filósofo e economista, a fase máxima do domínio capitalista será a da
concentração do capital que levará à sua faceta imperialista. E esta, com todo
o terror apocalíptico que possa significar para a actual sociedade ocidental pró
democrática (ainda será?), será também a ultima fase do sistema…Não, não estou
a exagerar no palavreado nem na tendência filosófica.
Este exemplo, a par do exemplo do que se passa em Portugal,
no que respeita ao poder desmedido e inumano dos grupos económicos concentrados,
mostra, à saciedade, o quão grandes são as ofensas e as ofensivas ao actual
regime de construção democrática em que pensamos ainda viver. Aliás,
a esquerda norte americana (que também a há) é unânime em reconhecer que, neste
momento o que está em causa é a seguinte dicotomia de princípios:
A
sociedade tecnológica será a sociedade da exposição individual, contudo:
- Será
que queremos que essa exposição seja realizada numa lógica democrática, segundo
a qual se trata a menor quantidade possível de informação e, também, segundo a
qual, a transparência dos procedimentos de recolha e tratamento, é a máxima
possível ?
-
Ou, em alternativa, será que queremos que esta exposição seja realizada numa lógica
autoritária, segundo a qual se tenta recolher e tratar o máximo possível de
informação e, também, segundo a qual a transparência dos procedimentos de
recolha e tratamento, é a menor possível ?
Estes
novos sistemas, generalizados e extremamente invasivos, têm de ser escrutinados
democraticamente, e o que sucede é que, porque se cataloga a informação de “secreta”,
“sensível” ou se “interesse estratégico para a segurança do estado”, se permite
todo o tipo de invasão privada, sem qualquer controlo e, ainda por cima, dado
domínio do estado pelos grupos económicos e dada propensão desta gente para
passarem por cima de tudo o que é valor ético, temos aqui um bom quadro
fielmente reflexivo daquilo que nos espera se não dermos “corda aos sapatinhos”
e mostrarmos a esta gente quem manda.
Se nada fizermos, chegará o dia em que estes Coelhos, Gatos , Gaspares, Portas e travessas, ou outros cobardes que tais (se a sociedade não começar a gerar os melhores para os melhores cargos), acabarão por sucumbir a estas intromissões (como já o fazem) e depois venham dizer que aqueles filmes do Spielberg como o "Minority Report" são ficção científica.
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