Uma
campanha medieval de medo e terror abateu-se, nas ultimas semanas, sobre o povo
Grego e europeu. Qual igreja medieval, propagadora de conformismo e negação da
realidade, a comunicação social “feudal” comportou-se criminosamente. Pedir aos
povos que uma política assassina e de empobrecimento seja vista como inevitável,
é criminoso. Moralmente criminoso! Durante semanas, assistimos à fúria dos deuses
“mercados” contra a “esquerda radical”. Tal medo não têm, estes divinos seres, do
fascismo Húngaro ou Ucraniano, ou latino-americano. O seu medo é da mudança, é
da alternativa e é da transformação. O seu medo é que os povos vejam a
injustiça de uma política responsável pela concentração de 50% da riqueza em 1%
da população. Esse medo que têm, tentaram passá-lo para nós! O povo Grego,
milenar na sua história, respondeu com coragem… Assim a tenha quem ele elegeu,
que a alternativa está aí, sempre esteve e sempre estará. É só buscá-la!
Nas últimas
semanas, a propósito do Syriza e da Grécia, tem sido um fartote de atribuição
de características humanas a um elemento tão desumano como os “mercados”.
Já
era conhecida e reconhecida esta tendência da comunicação social “feudal” e dos
seus mensageiros para a Prosopopeia ou Personificação, mas que esta tendência
para atribuir características humanas a um ser inanimado como os “mercados”, se
transformasse numa espécie de regra editorial universal, isto sim, foi uma
novidade para mim.
Então,
perante a estupefacção (deles) que sentiam relativamente às intenções de voto
do povo Grego, assistimos a profusão de títulos, subtítulos e comentários sobre
o “comportamento” dos “mercados” quando confrontados com a situação eleitoral
Grega.
“Os
mercados estão nervosos”; “os mercados estão desconfiados”; “os mercados reagem
nervosamente”; “os mercados têm medo”; “os mercados avisam”; “os mercados
indicam”; “os mercados contra-indicam”; “os mercados reagem”…
E
então, durante dias a fio, foi só disto. Todos os telejornais começaram assim,
todos os jornais, nas suas gordas e manchetes, o fizeram.
A
par deste nervosismo obsessivo que divinizando os “mercados” mais não intenta
do que pressionar Gregos e Europeus, em geral, para a manutenção do “status quo”
político económico, deparámo-nos também, com uma campanha absolutamente
medieval de amedrontamento popular.
E
todos pudemos assistir ao assumir, por parte da comunicação social “feudal” e
seus mensageiros, de um papel que, na idade média era atribuído à igreja. Um
papel que visava a propagação do medo e do terror contra a mudança, contra a transformação
do mundo. E se esse medo e terror, pelo diabo, infundido durante séculos,
atrasou a evolução e progresso da humanidade ocidental, com custos enormes, historicamente
irrecuperáveis, eis que, passados mais de 500 anos do final da idade média,
voltou o poder instituído, à mesma estratégia.
E
assim, durante as ultimas semanas, a para da personificação dos “mercados”, não
houve noticiário que não intitulasse as suas manchetes com: “a esquerda radical…”;
“a EU avisa os Gregos que se escolherem a esquerda radical…”; “Merkel avisou os
Gregos que a esquerda radical…”; “Durão aconselha os Gregos a terem cuidado com
a esquerda radical”.
Foi
um ver se te avias… Era como se quisessem dizer: “Ai que medo…”; “o terror da
esquerda radical…”; “ o diabo anda à solta sob a forma de esquerda radical”.
Uma
campanha inaudita de amedrontamento e aterrorizamento do povo Grego e Europeu
está em curso, campanha essa que, pela profusão e repetição de slogans nas
cadeias televisivas Europeias e internacionais, integradas no sistema económico-feudal,
só pode soar a uma campanha inquisitória coordenada a partir de cima.
Será
possível, em democracia, tal campanha? Claro que não! Em democracia não
deveriam de haver campanhas e pressões deste tipo. Os povos deveriam de ser
deixados à sua liberdade de escolha…
Então,
estes mensageiros do deus-diabo “mercados” acham que, estando as coisas como
estão, as pessoas não têm direito a sonhar com alternativas? Ainda acham que é
moral e eticamente correcto propor a continuidade destas políticas? Não, este
sentimento não é típico de uma democracia!
Se há
algo que a história humana comprova é que, existem sempre alternativas a uma
realidade que é má. E uma realidade que coloca 50% da riqueza produzida em 1%
da população é sempre, mas sempre, uma realidade injusta e uma realidade a
rejeitar. E não há moral, nem ética que justifique, sequer, o pensamento de
que, perante tal realidade, as pessoas são obrigadas a mantê-la como está!
Mensageiros
do terror, do medo, do sistema, gente informada e qualificada, que sabem
existir sempre uma alternativa, quando vendem a ideia errada, quando amedrontam
e pressionam os povos a manterem as suas cabeças no cepo, comportam-se como
criminosos, criminosos que prestam auxílio moral aos que, com a sua ganância
doentia e ansiedade de poder, obrigam milhões à miséria e à morte. E perante
tal miséria ainda querem que as pessoas, em democracia, na democracia que dizem
existir, amochem e calem. É criminoso! Moralmente criminoso!
De que têm medo? Têm medo de que a alternativa se afirme? Têm medo que perante a alternativa, o povo perca o medo e exija aquilo a que tem direito, por razão de justiça? Têm medo do incêndio social que provocará tal alternativa, contra aqueles que lhes venderam a ideia da inevitabilidade?
Tal
como na idade média a igreja dizia que “deus fez os ricos e os pobres” e “o que
deus fez o homem não muda”. Os mensageiros da comunicação social “feudal” dizem
“a austeridade é inevitável” e “não há alternativa, os mercados são mesmo assim
e não perdoam”. Ainda pior que o deus católico, ao menos esse perdoava.
E
perante tudo isto ainda dizem “eu sou Charlie” e querem que embarquemos nessa
farsa. Ao mesmo tempo que se preocupam com a dita “esquerda radical” – sabem
bem quem é o inimigo – nada dizem sobre fascista governo Húngaro, que ilegaliza
partidos e prende jornalistas, ou nada dizem do neonazi governo Ucraniano com
quem se senta à mesa das negociações… O fascismo sempre foi a resposta do
capitalismo às condições sociais que lhe são adversas. A “esquerda radical” –
da qual considero que o Syriza não fazer parte – é o principal inimigo do
capitalismo. Dai a propaganda de terror, de pressão e chantagem com o povo
Grego.
Mas
o povo Grego e todos os povos oprimidos pela ganância mercantilista e
monetarista hão-de dar a resposta. O futuro é das massas e a dialética
materialista histórica é facto consumado, não é um erro de “casting”. Estamos,
neste momento, mais uma vez a comprová-lo!
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