Gas, petroleo e muita desinformação, para variar

Petróleo e Gás em Portugal? Quem bom! Dizemos todos em coro, dando voz a uma ténue esperança de que todos os nosso problemas e insuficiências se resolvam sem que necessitemos de "mexer uma palha".

Como já foi noticiado, quer no Algarve, quer na região Oeste, quer provavelmente noutros locais da nossa enorme plataforma continental, a possibilidade real de se iniciar a extracção de combustíveis fósseis é muito grande. Isto claro, quando e apenas quando, tal interessar às grandes corporações petrolíferas, atrás das quais os nossos governantes avidamente se arrastam.

Agora, o que é que o povo sabe sobre este processo? O que é que foi noticiado? Quem é que tem sido envolvido, das comunidades locais às organizações sociais e democráticas nacionais? Muito pouco se tem ouvido falar, aliás, tudo muito dentro da lógica informativa da nossa comunicação social. Pouco inquisitiva dos poderes reais (e muitas vezes, dos formais também), pouco plural e pouco esclarecida.

Todos ouvimos falar de que a concessão destas explorações teria de ser atribuída a petrolíferas privadas. São elas que detêm a tecnologia e o know how. Chegámos a ouvir falar de uma contrapartida de 0,20€ o barril de petróleo extraído. Muito dinheiro, sem dúvida, principalmente quando se vende o mesmo barril, nos mercados internacionais, a valores acima dos 100€.

Como sempre, este assunto, tal como outros, não foi democraticamente tratado, nem do objecto da informação esclarecida, esclarecedora e plural que seria própria de uma comunicação social que se diz livre. Para estes senhores, a liberdade existe desde que sejam livres do estado. Já no que respeita à liberdade que têm em relação a outros poderes bem mais insidiosos, autoritários e antidemocráticos...

Bem, mas um dos aspectos mais sensíveis de toda esta problemática tem a ver com as técnicas de extracção. Ouviram falar alguma coisa sobre as técnicas de extracção a utilizar? Eu também não! Pelo menos até tropeçar, na internet, em algumas noticias sobre a contestação do povo Romeno à petrolífera Americana Chevron.

Pesquisei um pouco mais e descobri que, uma das técnicas de extracção que estão em cima da mesa para Portugal, a principal, consiste no "Fracking". Basicamente, trata-se de uma técnica de "pressurização hidarulica" que consiste na injecção na camada rochosa, a altas pressões, de água adicionada de componentes químicos diversos. Esta pressurização abre fissuras na rocha, cuja abertura é mantida pelos químicos que estão na água, sendo por estas fissuras que os fluidos fósseis migram dos seus reservatórios naturais para o poço entretanto construído.

Até aqui tudo bem, pois esta técnica é utilizada desde 1947. Contudo, então porque é que na Roménia se contesta tanto? Porque é que na França, Canadá, África do Sul, Inglaterra, para falar de apenas alguns, esta técnica, ou está proibida ou suspensa?

É aqui que a desinformação actua, e tem actuado ao longo destes anos, por acção da actividade corruptora das gigantes corporações petrolíferas.

Quer dizer, adjudicam-se concessões a corporações que vêm desenvolver trabalhos com impacto ambiental profundo, sem serem realizados quaisquer estudos de impacto ambiental; sem se envolverem as comunidades locais; sem serem aplicados quaisquer mecanismos de controlo democrático.

Infelizmente, esta situação é típica de um país à procura de si próprio e dominado por uma elite subserviente aos mais autocráticos poderes financeiros.

Força Povo Romeno, corram com essa cambada daí para fora.

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