Homens de celofane. Os “para-seres” da moda.

Já tinha sido o sr. Hilfiger, já todos tinham levado e apanhado com as verborreias malcheirosas dos “modistas” das nossas praças…Agora foi Galliano, o reputado designer de Christian Dior.

Julgo que não nos devemos admirar destas duas coisas: Uma, que este tal de Galliano tenha expelido as intestinais dejecções verbais que todos ouviram; Duas, que Dior o tenha contratado e depois o tenha despedido (o que está no meio, na essência e na relação entre o fim e o principio não conta).

Afinal o que é que esperam deste tipo de seres? Coerência? Profundidade? Sabedoria? É disso que vivem? Para mim o que me custa mais no meio disto tudo é que existe uma franja enormíssima da nossa população que segue à letra, quais ídolos duplicados em série, exemplos propagados por seres como estes. Isso é o que me desilude, isso é o que me estupefacta. E não os impropérios trauteados por “incerebrados”.

Afinal, quais são os valores que a industria da moda propaga? Serão os valores da ética? Serão os do conhecimento? Serão os do progresso? Serão os da Fraternidade? Serão os valores humanistas?

Não serão antes: as impressões do efémero (a moda muda com as estações!); as impressões da aparência; as impressões do egocentrismo; as impressões do corpo…

A moda não é habitada por valores, mas por impressões; a moda não é habitada por princípios, mas por fins; a moda não é habitada por ideias, mas por aparências; a moda não é habitada por carne, sangue e massa encefálica, mas por pele; a moda é epidérmica, superficial, plástica, profana e banal…

Mas mais, a moda não é habitada por seres humanos, a moda é habitada por seres (ou “pareceres”, ou antes…para-seres?), não das obscuras profundezas, mas das mais invisíveis, porque encadeantes, luzes da ribalta. A moda não é a luz, é o foco. A moda não é o ser, mas o parecer. A moda não é o que começa, mas o que acaba, a moda não é a vida, é a morte. A morte da cultura, a morte do ser humano.

De que se admiram?

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