há mais de 2000 anos já se sabia!

Cuidado! Vê o que acontece se não participares. Já Platão o sabia. Quantos mais milhares de anos serão necessários para tu também o saberes?

A injusta repartição da riqueza!

Consideras justa esta repartição da riqueza? Então o que esperas para reinvindicares uma mais justa? alguém que o faça por ti? Espera sentado/a!

Não sejas mais um frustrado/a!

Não há pior frustração do que a que resulta da sensação de que não fizemos tudo o que podiamos!

Testemunhos do caos - Apocalipse à vista?



Testemunhos caóticos - Apocalipse


Imaginem um mundo pré apocalíptico. Um mundo que nos é apresentado, repetida e espectacularmente, pela industria cinematográfica (ou será antes “tecnográfica”) americana. Um mundo de trevas, violência, perseguições, vivências kafkianas e de domínio absoluto de uma meia dúzia de seres humanos, sobre toda a humanidade.

Quem já não viu filmes assim? Mesmo os que, como eu, não se encontram entre os aficionados pela industria de entretenimento “tecnológica” já, em algum tempo, tropeçaram em filmes como o “Minority Report”, “Matrix” ou outros que tais.

Todos esses filmes passam uma mensagem tão corriqueira quanto preocupante. Uma mensagem que nos transmite a ideia de que, algures num futuro mais ou menos longínquo, o mundo que conhecemos será governado por poderes tão absolutos que tornam o comum dos mortais em simples seres letárgicos, acríticos, incapazes de reagir e totalmente submissos ao poder vigente. Os seres humanos que persistem na luta pela liberdade, continuam a existir, como minoria e são inevitavelmente perseguidos.

Este tipo de visões, tão comuns no célebre 1984 de Orwell e correspondentes a uma realidade que muitos jornalistas, críticos e políticos ultra liberais continuam a subsumir apenas ao antigo Bloco de Leste, serão apenas visões, realidades ou possibilidades que não passam de remotas? De imaginárias?

Então, eu peço-vos uma coisa muito simples: dispam-se da realidade que vos circunda e, ao invés de olharem para as arvores que vos sombreiam a vida, tentem olhar para a totalidade da floresta em que consiste a realidade humana actual. Dispam-se da tendência de olharmos para os factos como sendo isolados (o que dá muito jeito a alguma gente) e integrem-nos numa realidade dialéctica, histórica e dinâmica. Integrem-nos uns nos outros e analisem a realidade a partir dessa interacção. Vejam como tudo se torna diferente.

Depois deste exercício, imaginem-se num mundo assombrado, pesado, acinzentado, em que efémeras cores fugidias envergonhadamente assomam mas que, inexoravelmente, não conseguem combater a sombra, atentem nos seguintes factos:

  1. Em países como os Estados Unidos, Brasil, Colômbia, China, Índia, Africa do Sul, Rússia, Iraque, Argentina, entre outros, é crescente (e nada recente) a tendência para o isolamento das comunidades mais ricas. Cada vez mais, comunidades pertencentes à classe média alta e classes ricas, escolhem viver em guetos dourados, com todas as comodidades, isolados da pressão que a pobreza emana.

Minorias endinheiradas, poderosas, com o poder politico dominado através da corrupção, do tráfico de influências ou do desavergonhado lobbying, escolhem viver fechadas em guetos, prescindido da liberdade de movimentos, da liberdade de se relacionarem com o mundo, em troca, apenas e tão só, da sua estabilidade e conforto material.

Estamos a falar de uma tendência que indicia o individualismo mais extremo. Que anuncia uma organização das comunidades de forma anti-social. Que corporiza a ideia de que “com o mal dos outros posso eu bem”. Uma ideia de organização individualista, anti-social que compartimenta a sociedade em duas realidades, a boa e a má. Estamos a falar da instalação de um apartheid a nível mundial. Que sucede, precisamente, nos países mais ricos.

Os ricos escolhem criar um apartheid para simplesmente não terem que dividir o bolo de riqueza com quem a produz. Estamos a falar de um modelo de organização social, urbano e comunitário, baseado na lógica da exploração. Os exploradores de um lado, os explorados de outro. E isto nada tem de futurista, é apenas o retorno do passado mais sombrio e mais humano da nossa história social. É o retorno, disfarçado, eufemizado, dos palácios de um lado e das servidões do outro.

Imaginem, desta forma, um mundo em que os ricos (actualmente 1% da população mundial controla 25% da riqueza), para não terem que contribuir para o bem da sociedade, isolam-se e criam os seus próprios guetos, de onde não podem sair, sob pena de serem vitimas de uma violência, que a pobreza que impõem através da exploração, da ganância, da desumanidade e da arrogância, cria.

Imaginem de um lado uma comunidade com tudo e do outro lado do muro, uma sociedade sem nada. Sem os mais básicos meios de subsistência e de organização social.

Não, não precisam de imaginar. A paredes meias com a favela da Rocinha (500 mil habitantes) está um gueto de ricos com 10.000 encarcerados na sua própria riqueza. Qual o crime que cometeram os favelados? Apenas o de não nascerem ricos! E o que se passa em Israel e a Palestina? E em Bagdad? E nos subúrbios americanos? E nas cidades Chinesas?

Não…isto não acontece em filmes apocalípticos de hollywood. Acontece na vida real. Acontece nos países mais ricos. Como raio é que querem que eles se preocupem com a nossa pobreza em Portugal? Se eles nem a sua própria combatem?


  1. Os americanos gastam, todos os anos 80 biliões de dólares sabem em quê? Em cidades subterrâneas com milhões de trabalhadores que só têm um objectivo. Vigiar-nos a todos. Desde o programa Prisma, ao programa Fairviewer, todos eles têm um objectivo, o de interferir ilegítima e ilegalmente, nas nossas vidas. Não, e não são só os EUA que o fazem. Todos os fazem.

Imaginem pois, um mundo onde todos nós estamos identificados numa base de dados. Os nossos movimentos, as nossas estadias, as nossas compras e as nossas relações pessoais, todo esse conjunto de interferências mesquinhas integram uma base de dados. Com um objectivo…a nossa própria segurança?!?!?

E como é que o conseguem? Com a ajuda das maiores corporações empresariais de comunicações. Muito simples, a NSA contrata uma empresa americana de comunicações que, por sua vez, faz protocolos com empresas nacionais. É um negócio secreto e altamente lucrativo. O que é que aqui temos?

Os maiores grupos económicos a fazerem negócio com os nossos dados pessoais, supostamente para a nossa própria segurança. E mais grave, é que, sendo para a nossa segurança, não existe qualquer escrutínio democrático sobre estas actividades. Todas elas se passam debaixo dos nossos solos, debaixo dos nossos queixos e ninguém pode desvendá-las, porque são secretas. Ora, quando a segurança do povo passas a ser secreta, temos tudo dito.

Podem escolher as quer quiserem. Facebook, google, Linked in, yahoo, todas elas vendem dados à NSA e a outras agências. Todas elas violam a nossa privacidade.

A ideia que estas entidades sugadoras vendem é a de que a Internet é um espaço de liberdade. O maior espaço de liberdade passou a ser, por causa da ganância desenfreada destes grupos, o maior espaço de vigilância e totalitarismo. Quem leu o 1984 de Orwell percebe, desde logo, que o autor não se referia apenas ao bloco de leste. Referia-se, tão só, à tendência que os seres humanos têm para dominar, para submeter e para controlar o mundo à sua volta.


  1. Os EUA, com o apoio de Israel (quem mais?) criaram um vírus informático (para ser mais preciso, um verme) o Stutnext, para atrasarem e obstaculizarem o programa nuclear Iraniano.

Estes senhores deram-se ao trabalho de contratarem uma equipa de hackers que criaram um vírus específico para destruir as centrifugadoras de urânio do Irão. Este vírus, absolutamente inofensivo para qualquer computador, foi criado e testado nas centrais nucleares israelitas (parecidas com as iranianas), para criar problemas, especificamente, ao computador siemens XPTO que controla a central nuclear de Natanz.

Até que a Kaspersky (bielorusso – porque será que foram os únicos?) – empresa de anti-virus – descobrisse a trama, já no irão se tinham avariado várias centrifugadoras. Mesmos assim, os bielorussos ainda foram a tempo.

Ora, se eles fazem isto para as centrais do Irão, o que farão para o resto? Para a nossa vigilância, para o nosso controlo, para o controlo dos mercados de capitais…

Guerras de máquinas? Guerras de robots? Também já não é do futuro. Depois dos drones, a guerra tecnológica entrou num domínio muito mais perigoso e insidioso – o domínio do virtual.

Com as grandes corporações da Internet todas feitas com o capital ultra-liberal e imperialista, vejam o que é que se pode fazer circular sem que ninguém perceba. Agora que a Internet chega a todo o lado e quem a domina é o Império. Vejam o que nos espera. Soldados que nos entram pela porta dentro e nós nem notamos.


4. Conclusão


Estes são apenas exemplos fragmentados de uma sociedade que caminha para o nihilismo provocado pela mais selvática e animalesca ganância. Uma sociedade deste tipo tende a tornar-se uma anti-sociedade. A sociedade deixa de constituir uma agregação  de seres ligados por uma rede de inter-relações que lhes permite sobreviver e que a todos interessa, para se tornar num mero agregado de comunidades individualistas, narcisistas, exclusivistas e nada interessadas na protecção de um suposto “bem comum” que a todos interessaria.

O mundo que o ultra-liberalismo imperialista nos propõe é um mundo à imagem dos mercados. O inferno na terra. O retorno às leis da selva. O retorno ao domínio do mais forte. A supressão da humanidade que está dentro de nós pela nossa animalidade mais primordial. Sabem porque é que é assim?

Porque é a sociedade que nos torna mais humanos. É a sociedade que nos impõe o civismo. Enquanto indivíduos, somos mais animais do que humanos. É por isso que o mundo proposto pelo capital mais selvagem e inculto (a cultura também nasce da sociedade) é um mundo em que o mais forte esmaga o mais fraco. Em que as únicas relações de interdependência são as relações de domínio, subserviência, servilismo e submissão. Ou isso, ou a morte.
Nos mercados não há regras, é a liberdade absoluta resultante em libertinagem. Nos mercados não há civismo, apenas a imposição de uma desgraça irrecusável porque é a única coisa oferecida. Nos mercados não há solidariedade, fraternidade ou compaixão, apenas a violência do pragmatismo imposto pelo mais forte – eus sou mais forte, logo tu é mais fraco, submete-te à miséria que te ofereço, ou esmago-te. Nos mercados não há amor, apenas competição desenfreada, vida ou morte, matar ou morrer, crescer ou desaparecer. Nos mercados não há democracia, apenas a tirania imposta por que domina a maior parcela do bolo. Nos mercados não há redistribuição, só apropriação. Nos mercados não há divisão, só exploração.

Depois disto, ainda pensam que não estamos a entrar num mundo apolcalíptico que é necessário, urgentemente, derrubar? A revolução é uma palavra perigosa? Perigosos são os mercados que não nos dão escolha.

A revolução permite-nos escolher o que pretendemos para nós mesmos, por isso é que os grandes saltos sociais e humanos sempre foram revolucionários.

Deixem-se com os mercados do situacionismo, do inanimismo, da letargia e depois queixem-se um dia quando acordarem e repararem que nada mais vos resta do que uma corrente, um chicote ou, com sorte, um caixão.

A realidade não para, ou avança, ou recua. Para onde a querem levar? Para a frente? Então empurrem-na que ela não vai sozinha.

O Povo tem sempre razão! Abaixo a numerologia dos mercados!

Os últimos dias, frenéticos e perante a derrocada do governo, por acção democrática do povo, também se têm caracterizado pelos repetidos apelos e manifestos anti democráticos dos arautos do sistema.

Hoje, todas as quatro televisões noticiosas (TVI24, SICN, RTPN, ETV) escalaram o seu exercito de palradores antropomórficos, para, bem de manhãzinha, desatarem a assustar, horrorizar e amedrontar o, por vezes incauto, povo Português.

Seres antropomórficos, de aspecto humanóide, de fatinho azul, gravatinha e cabelinho lambido, desfilaram por entre pivots submissos, objectivas matematicamente apontadas e microfones bem afinados. Todos eles light, bem light, azulinhos da cor do light. Homens duplicados, de plástico e, obviamente, descartáveis. Parecem que nascem nas televisões como cogumelos. É a ultima moda do jornalismo corporativo depois da invenção dos drones para susbstituirem os pilotos humanos. Também as televisões gosta do piloto automático. Colocam as figuras, ligam o botão e dali sai sempre a mesma cartilha.

Tal como na Esparta antiga, os filhos eram tirados aos pais em tenra idade para se tornarem soldados perfeitos, hoje em dia, seres provavelmente biónicos, despojos bem caros das mais modernas clínicas de inseminação artificial, entram nas mais elitistas das escolas privadas, seguem caminho pela Católica, pelas diversas escolas ultra-liberais americanas e inglesas (porque para lá chegar só é preciso pagar) e depois, depois... Bem, depois, após 15 a 20 anos de estufa e tratamento de choque, o filho, irmão, tio ou avô de um qualquer Belmiro, Martelo, Moreira, Champalimaud ou outros que tais, estão prontos a desfilar na passerele televisiva, desenvolvendo violentas acções de manipulação de massas.

É claro que, já nem o cartão partidário conta (a não ser que seja de um determinado partido), o que conta, isso sim, é o percurso educativo. É a escola que traz nos neurónios. É o programa e o chip que trazem instalados na caixa craniana. Daí que, de repente nos apareça à frente um qualquer copinho de leite, ainda com bochechinhas de bébé, a debitar, arrogantemente, balelas ultra liberais, reaccionárias e anti democráticas. E fazem-no como se estivessem convencidos de que chegaram à verdade única. E para eles chegaram. Foi a única que conheceram.

Claro que, depois do percurso educacional referido, chegam a comentadores, jornaleiros e paineleiros. Chegam a directores do Económico e outros que tais. E depois é vê-los a aterrorizar o povo. São expelidos da sua estereotipada inteligência artificial considerações como: os mercados têm horror à instabilidade politica (leia-se eleições); Portugal tem muita credibilidade externa (leia-se dá dinheiro aos bancos e aos grupos económicos); é preciso ajustar a economia (leia-se desviar riqueza do povo para o capital) ou, as eleições são muito caras (leia-se para os mercados o melhor e nem haver democracia).

Então, hoje lá seguiam o seu périplo manipulador. Cada uma das televisões desfilava o seu boneco azul insuflado com aragem ultraliberal. E o que repetiam, incessantemente, estes "nenucos" de fato azul e cabelo lambido? Bem, os crescidotes (alguns já grisalhos) nenucos diziam:

- "Se o governo cair, o segundo resgate está garantido. E os deuses mercados e investidores nos livrem do segundo resgate. Porque os mercados têm horror à instabilidade".

Pois é. E eu que julgava que com este governo o segundo resgate estava já garantido. E, é engraçado, para estes figurinos em fibra de carbono, os deuses mercados são como o deus dos católicos. São muito bons, mas para castigar...Têm a mão pesada!?

outro dizia

- "Este governo já não tem legitimidade, este governo está ligado à máquina. Mas como os mercados têm horror à instabilidade politica, o melhor é não fazer eleições e manter o governo ligado à máquina, apenas gerindo externamente os destinos do país". 

Quer dizer, o povo não precisa de governo, quem precisa de governo são os mercados. E qualquer um serve? Mesmo um ligado à máquina? Muito democrático este ponto de vista...muito patriótico...não haja dúvida. Agora percebo porque é que esta gente gosta tanto de fantoches. Afinal o que importa é fazer de conta que se é governo. Governar? Os mercados que o façam. No fundo é o que estes "nenucos" são. Uns fantoches. Agora se percebe porque é que o capital sempre foi fértil em ditadores fantoche. O povo não quer Passos. Mas Passos tem de se manter por causa dos mercados. A democracia? Bem, os mercados não têm na a ver com isso e, até ver, nem gostam muito dessas coisas. Essa "modernice" dos últimos anos cria muita instabilidade. Para os Rockefelleres deste mundo, o melhor era ter ditadores que durassem 50 ou mais anos. Por acasos abem que o pai do actual Rockefeller mandou matar carradas de operários nas greves americanas do inicio do século XX? Pois é, estes tipos, estes mercados são uns democratas do caraças.

outro ainda dizia (uma marionete do expresso, com mais de 60 anos e já com idade para ter juízo):

- "Viram a bolsa? Ontem, perante a possibilidade de queda do governo, a bolsa estava a cair a pique. Houve um ataque especulativo enorme. E hoje? Hoje, como as coisas estão mais calmas, a bolsa já está a subir! Ah, e agora fazer eleições era deitar por terra todo o esforço que tem sido feito para recuperar o país. A credibilidade externa, a ida aos mercados...Todo esse trabalho seria perdido".

Engraçado, e o trabalho para o povo? Esse não conta? O que conta são os mercados? os credores? e os Pagadores? Não contam? Por outro lado, quer dizer, a bolsa cai por causa do ataque especulativo, mas o que está mal não é a especulação, é a vontade do povo. Vêem porque é que de repente se entra em ditadura? É por causa destas coisas. O governo só conta para fora, para dentro pode tudo morrer à fome e na mais profunda miséria que, desde que os mercados não se chateiem, está tudo bem.

e por fim dizia

- "E isto é muito mau para os bancos, que são os primeiros a sentir estas coisas".

Sempre os bancos no nosso caminho. E o que ele não diz é que os bancos só sentem estas coisas porque estão pendurados no estado. E, logo, quando o governo que os sustenta vai à vida, é claro que eles ficam à rasca. E como os bancos ficam à rasca porque, em vez de serem empresas sustentáveis, são empresas insustentáveis, todos nós nos lixamos.


Meus caros, cada um pensa como quer e defende quem quer. O que não podem é vir dizer que são democratas, que querem o melhor para o país e depois virem dizer que o melhor é não dar a voz ao povo. Foi gente desta que aceitou a queda de democracias e a instalação de governos fantoches que governavam para os "mercados". É gente desta que, aparentemente ligados a uma imprensa que se diz livre, abre caminho à violação dos direitos democráticos mais básicos. É gente desta que acha que, há períodos em que o melhor é não haver democracia.

Pois eu digo bem alto:

- A democracia é sempre, mas sempre, o melhor caminho. Em momentos conturbados como o que vivemos a democracia nunca pode ser vista como um caminho a evitar. A democracia deve ser vista como o caminho que nos ajudará a sair da crise. Porque quem não acreditar nisto não é democrata.

- Em nenhum momento da história se resolveu algo a favor do povo sem a sua participação. Sempre que foi necessário avançar, foi por obra e acção do povo. Foi a sua intervenção que o possibilitou.

- Nunca o conservadorismo, o situacionismo e a reacção trouxeram algo de bom à humanidade. Nunca. O que trouxeram sempre foi ditadura, tirania e exploração. A história prova-o.

A democracia é a resposta necessária para se ultrapassar o problema. A resposta do povo e o seu interesse não são os mesmos daqueles que dominam a maioria da riqueza mundial e nacional? Obviamente que não. Esse interesses são, logicamente, inconciliáveis. Se a riqueza está de um lado...não está do outro. Claro como a água.

Sabem qual é o medo destes pacotes de mal cheirosa porcaria ultra liberal? O medo destes androides chipados é que o resultado das eleições não lhes permita continuar a chantagem com o povo. O medo destes robots humanóides, que só vêem números e entram em crash e troubleshooting quando a bolsa baixa, é que das eleições não saia uma alternativa que funcione com PS + cds ou Psd + cds. Têm medo da subida da esquerda.

Se eles soubessem o ridiculo a que se expõem quando fazem prevalecer sobre a vida de um povo, sobre o seu quotidiano, os números da bolsa ou os ratings das agências...Se eles pudessem ver-se nesse momento, perceberiam o quanto estão afastados da vida real e dos seres humanos. Não...eles não são humanos. Eles são sub-humanos.

Cambada de homens light.



O Reality Show acabou

O Monólogo do figurante 

A peça está a acabar. O público já assobia e vaia o actor, contudo, de um actor impotente o que é que se pode esperar? A malta telefona, telefona, mas ele não sai.

O público que assiste ao show anseia por um "reset" no programa, anseia por uma nova encenação e por um fresco desfilar de distintos actores "VIP". O argumento? Bem...o argumento é que é o problema. O argumento à primeira vista é igual. No Big Brother não há argumento. Contudo, já se for a Casa dos Segredos, sempre podemos descobrir a careca de algum Relvas novinho em folha. Entretanto, o publico espera que o rol de actores inseridos numa nova encenação consigam, de alguma forma, com alguma fezada, alterar a lógica imposta pelos directores de programas.

Enquanto o publico discute as diversas possibilidades que se lhe apresentam como possíveis, o último dos actores da peça inacabada, em monólogo, continua num esbracejar frenético, na esperança de que o publico o veja e se interesse pelo que o resto da sua cena tem ainda para dar. O publico já não quer saber, o público quer é que o show acabe, anunciando o final do triste espectáculo em que constituiu estes dois anos de governo Troika/Gaspar. O público que o final da Casa dos Segredos e o início da Casa das Verdades.

É este o drama de Passos Coelho. O ultimo actor de um "reality show" no qual não era protagonista. Nunca foi. Os protagonistas já se foram, sobrou o figurante. O figurante Passos, num assomo do que ele considera ser dignidade, tenta dizer bem alto que tem condições para continuar o programa. Ninguém acredita. Todos sabem, incluindo ele próprio, de que Passos nunca passou de um figurante que aparece no programa apenas para pretexto da entrada em cena dos verdadeiros protagonistas. Aliás, o descrédito no monólogo de Passos é tão grande quanto o seu isolamento à partida e à chegada. Nunca antes, um governante terá estado tão isolado da sociedade e do seu próprio partido. De lembrar que Passos não fazia parte das listas do seu partido. Passou quase da base para o topo. Nem todos aceitariam fazer de conta que se é primeiro ministro. Apenas alguém com uma inesgotável fome de mediatismo o aceitaria, a qualquer custo.

O problema é que os encenadores deste terrorífico "reality show" que tem sido a nossa vida nos últimos anos, continuam a querer encenar e a querer dirigir qualquer programa que esteja em acção, no palco de "revista portuguesa" em que se transformou a governação em Portugal. Berlim, FMI, BCE e Comissão Europeia, continuam como encenadores e, de preferência, da peça ainda em curso...aquela que o publico quer que acabe. Depois chamam a isto democracia.


A verdade é que, sai Gaspar, sai Portas e...perante o colapso anunciado de um governo que nunca o foi, perante o estertor da morte anunciada, o que sucede? Bem, primeiro sucede que o publico bate palmas e regozija-se contente porque, inegavelmente, o povo ainda ordena e, o desgaste provocado por tanta luta, mediatizada ou não, acaba, inexoravelmente, por se fazer sentir.

Depois, vêm os ratos abandonar o barco. E a trupe de jornaleiros e painleirios que os encenadores desta peça pagam para promoverem o triste espectáculo, foram unânimes...O show está prestes a acabar. Alguns diziam mesmo que o pior que poderia suceder seria Passos insistir no monólogo. Passos insiste. Sempre insistiu. Passos sempre esteve isolado do seu partido, Passos sempre esteve isolado da sociedade. Portanto, para Passos, o monólogo é uma coisa normal. Já no desgoverno que não liderava, Passos estava sempre em monólogo. Ninguém o ouvia, ninguém lhe ligava. Afinal quem liga a um incapaz, a um incompetente, a um ser que nunca trabalhou? a um sub produto de um qualquer Relvas, financiado por um qualquer Ângelo Correia?

 O drama de Passos é igual ao drama daqueles tipos e tipas que, por serem bem parecidos, têm a fezada de uma dia serem convidados para uma novela da TVI. A novela acaba e com isso, acaba-se a mama.Sobram as revistas cor de rosa para, de monólogo em monólogo, irem tentando fazer-se notar. Assim é Passos. Todos sabiam porque é que Passos tinha chegado a primeiro ministro. Como é óbvio, ninguém o respeitou.

O "Reality Show"

Para Passos, a ida para o governo é comparada à ida de certas figuras "VIP" para o Big Brother. Figuras sem base de sustentação académica, currícular ou empírica, são escolhidas porque, por um mero acaso, a sua imagem vende.

Tratam-se de figuras a quem pagam e dizem: -"meu amigo, tu vens para aqui e limitas-te a seguir este guião". Com espírito de missão e como quem vê  nesse convite a oportunidade de aparecer e, talvez, surpreender toda a gente com o que julga ser o seu talento, esta figura aceita a troca, sabendo, desde o início qual a sua função.

Todos os ministros e todos os encenadores desta Casa dos Segredos em que consiste este governo, sabiam que Passos era apenas a "figura". Passos também o sabia. Mas, estoicamente, sonhava surpreender tudo e todos com o que julga ser a sua enorme capacidade. Intimamente, tal como a prostituta promovida a VIP que vai para um Big Brother, ou para uma Casa dos Segredos a pensar "está aqui a minha oportunidade de ouro, a minha fezada", "escolheram-me a pensar que eu só vou fazer figura mas, vou provar-lhes que sou uma grande actriz", Passos também achou que acabaria por se revelar. Por isso aceitou a missão de marionete.


O problema é que ninguém respeita uma Marionete. Portas já não falava com ele, Gaspar, trabalhador incansável, desprezava-o profundamente, por não lhe reconhecer qualquer capacidade de liderança. Resultado, sem uma Teresa Guilherme para mandar, aquela Casa ficou ingovernável. Os apoiantes de Passos foram fugindo, desde Catroga a Ângelo Correia. Nenhum se quis queimar mais. Ficou Passos e os outros. À falta de um líder, que nunca poderia ser Cavaco que apostou tudo em Fátima, o Governo entrou em ebulição e cada um figura fazia e dizia o que lhe apetecia, contradizia quem lhe apetecia e apenas Medina Carreira ficou a pregar sozinho no deserto de apoiantes do governo. Nos ultimos dias foi ver a actual Ministra a dizer que quando entrou não sabia nada dos SWAP e, mais tarde, Gaspar a desvendar o segredo de que, afinal, ela estava bem ciente do problema. E perante esta suspeição, o que Passos faz o quê? Coloca a fulana como Ministra. Aliás, este desgoverno foi fértil em colocar arguidos, potenciais arguidos e certamente criminosos, no lugar de governantes. Aliás, com este governo sucede o mesmo que com os reality shows de má qualidade ou caídos em desgraça - só integram a escória da classe. A este governo, por se saber da sua podridão, desagregação, isolamento e anarquia internas, só já se associam os malandros, os oportunistas, os criminosos, os incompetentes e os incapazes. Daí as escolhas só andarem à volta de gente desta.

Agora,  ou porque a condição social e ética desta gente já não era segredo para ninguém (como acontece com a vida de Passos), ou porque algum dos outros figurantes vinha, por detrás, descobrir os segredos desconhecidos, este governo nem para Casa dos Segredos servia, porque os segredos já eram conhecidos. Quando muito daria para um filme de suspense de classe C-.


Os apelos à continuação do Reality Show

Passos, a cada crise (quase todos os dias - ao ponto de se passar a fazer o briefing diário), aparecia na televisão, de semblante em baixo (como ontem), de ar sério e introspectivo, com uma voz bem vincada, tentando convencer os telespectadores de que ainda não teria chegado a hora de ir embora. De cada vez que aparece a tentar convencer-nos de que tudo está bem e que o governo está de pedra e cal, faz-me lembrar aquelas figuras da Casa dos Segredos que, têm um tempo de antena para convencerem os telespectadores a votar para o telefone 0800...

Contudo, tenho dúvidas que o telefone de Passos ainda toque com mensagens de apoio. Passos bem poderá ser daqueles actores de Big Brother que, daqui a algum tempo, vem para a Caras dizer "estou desgraçado, estou à espera que me convidem para uma novela".

Pois é Passos, já não chega de novelas? Já não chega de monólogos? Já não chega de assobios? De quantos "takes" é que ainda necessitamos para nos livrarmos de ti? De quanta miséria? De quantos despedimentos mais? De quantas mortes por insuficiências no Sistema de Saúde? De quanta subnutrição? Já não destruíste o suficiente apenas e só por existires e seres uma marionete?

Os protagonistas já se foram. Primeiro foi Relvas, para quem, desde o primeiro dia os telespectadores nunca telefonaram. A sabedoria popular vale muito e, se Passos tinha um "O" na testa, Relvas tinha um "L". Depois foi Gaspar, aquele que todos sabiam que, telefonando ou não, não valia a pena porque fazia parte da estrutura e mobília do programa. Era uma espécie de Teresa Guilherme, mas em acção. Saíu Santos Pereira que, sem ter realmente saído, há muito que desapareceu. Saíu Portas que bateu a porta com o estrondo que sabemos. Ficou Passos e os restantes figurantes.

Passos, como se esperava, vem cantar "daqui eu não saio, daqui ninguém me tira". E nós? Nós só nos resta cantar, ao jeito de quem vê o Big Brother e a Casa dos Segredos "Por isso sai...sai da minha vida".

Ai que carnaval este.