Borges, o causador da crise
Recuemos
a 2008. Em 2008, António Borges era administrador de uma empresa de Hedge Fund. A Hedge Fund Standards Board.
Todos
sabem o que se passou em 2008. Foi o sub-prime. Com a crise do sub-prime nos
EUA, hedge funds como o de Borges ficaram em muito maus lençóis. No caso
concerto, como comprova uma entrevista de A. Borges à BBC em 2009 (está no
youtube), este senhor foi acusado de manipular informação sobre empresas e a
sua condição económica para assim enganar investidores.
Ora,
como a banca internacional (principalmente a Alemã, Inglesa, Americana,
Francesa…) estava com a “massa” toda enterrada nos Hedge Funds, – fundos de
risco elevado em que se pode ganhar tudo, ou nada – foi necessário montar um
estratagema que, por um lado, substituísse o papel do sub-prime na especulação
financeira, por outro lado, era necessário possibilitar aos bancos o acesso a
mais valias especulativas que impedissem a sua falência em larga escala.
Borges e a dívida pública
Como o fizeram? Bem, o elemento especulativo substituto
encontrado foi a aposta em dívida pública. Nessa medida, numa tentativa
desesperada de conseguir a liquidez perdida no sub-prime, a banca e os fundos
internacionais (como os hedge funds), desataram a especular com a dívida de
estados soberanos mais frágeis, como o Português. A pressão colocada foi tão
grande que, Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha, se viram forçados a recorrer a “ajuda”
internacional.
Findo o maná da divida pública e dadas as dificuldades de
acesso ao crédito, a banca dos países em dificuldades começou a entrar em
colapso (stress), o que causaria enormes problemas aos maiores bancos mundiais
que financiavam os bancos mais pequenos. Tornou-se necessário transferir,
directamente, riqueza para a banca, como forma de a equilibrar.
Borges e o FMI
É aqui que se dá um facto importante: António Borges entra
para director do FMI para a Europa. Fantástico. Os mercados (leia-se: grandes
bancos internacionais) estiveram de acordo em colocar alguém que dominava duas coisas:
1. as causas reais da crise; 2. os mecanismos possíveis de transferência de
riqueza.
Nesta altura, o governo Sócrates, dada a pressão da banca Portuguesa
(por sua vez pressionada por Borges e pelo próprio FMI), pediu “apoio” ao que
se veio denominar de “troika”. Estava encontrada a forma de colocar o povo a
pagar para os bancos.
Borges foi um dos principais negociadores do memorando. Foi
também um dos principais impulsionadores do “negócio”.
Borges e as privatizações
Realizado o trabalho, Borges volta para Portugal. Desta
feita assume o papel de “consultor para as privatizações” contratado pela Parpública.
A troco de 300.000 Euros/ano, Borges aconselhava o governo para os melhores negócios.
Se pensam que o bolo era os 300.000 euros/ano estão
enganados. O bolo eram as próprias privatizações, cujo plano havia sido
imposto, em parte pelo Borges do FMI e aconselhado pelo Borges da Parpublica.
Borges vai a todas
No final, Borges esteve em todas as fases da nossa desgraça:
- Na crise do sub-prime em 2008, através da gestão do Hedge
Fund Standards Board
- Na imposição do memorando de entendimento, verdadeiro
mecanismos de extorsão e confisco dos Portugueses
- Na alienação do sector público ao desbarato, através do “aconselhamento”
para as privatizações que ele próprio ordenou enquanto director do FMI.
Conclusão, este senhor por quem Cavaco e Coelho tanto
choraram, causou, geriu e aproveitou a crise em que vivemos, tendo sido um dos
que mais contribuiu para a desgraça que nos atinge.
Ele morreu como qualquer mortal, mesmo que ele pensasse que
tal não lhe sucederia. Nós continuamos cá. Mas não pensem que os Borges
acabaram. Tudo o que eu aqui disse é apenas a face visível.
De que esperamos para abrir os olhos? Há gente pior que
esta?
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