Do “caos criativo” ao terrorismo – faces da mesma moeda.A contradição aparente



A contradição aparente

O que têm a ver o ISIS, a Arábia Saudita, o conflito Ucraniano, a guerra contra o terrorismo, o conflito na Síria, o Iraque e o Afeganistão? Todos são consequência dos desvarios de uma política imperial de domínio global, incoerente apenas na aparência, que visa a instituição de uma doutrina de “caos criativo”, impondo uma lei da selva, na qual o mais forte, os EUA, tenderão a ganhar!



O ISIS, mais conhecido como “Islamic State”, tornou-se na última fetiche da estratégia Imperialista da Guerra contra o Terrorismo. 

Relembro que a “Guerra contra o Terrorismo” consistiu numa acção militar imperial lançada em 2001 por Bush, Rumsfleldt, Chenney e companhia, que visava, segundo os cronistas do regime, atacar o terrorismo à escala global, combatendo grupos extremistas, maioritariamente Islâmicos, dos quais sobressaiu a Al-Qaeda.

Esta “War on Terrror” confluiu, como sabemos, no pântano do Afeganistão; no lamaçal do Iraque; passando pelo aprofundamento do problema israelo-palestiniano; na invasão do Líbano (atrás do Hezbollah) por Israel; nas sanções ao Irão e por muitas outras acções dispersas, na sua grande maioria, travadas em função de estratégias pouco claras e que nada tinham a ver com o combate ao problema real apresentado – o terrorismo.

Aliás, em bom rigor, se os EUA quisessem, de facto, combater o terrorismo, teriam de combater, em primeiro lugar, a sua própria natureza imperialista, manipuladora e dominadora, tendente à afirmação de uma política externa, contraditória apenas na aparência , mas, de qualquer forma, extremamente injusta e parcial.

A verdade é que, passadas todos as experiências conhecidas de “combate ao terrorismo”, de “libertação e democratização” e “protecção dos direitos humanos”, a politica externa dos EUA continua a caracterizar-se pela imposição da selva, na qual o mais forte, os EUA, ganha sempre. É desta perspectiva, inclusivamente, que surge a teoria do “caos criativo”.

Terror com terror se combate!
Já ao tempo de Bush, o Pentágono produziu um documento estratégico sobre o Magrebe, no qual estabelecia, como ponto de partida para o domínio Yankee da região, o apoio a movimentos sociais de contestação que levassem a mudanças politicas, no âmbito das quais, os EUA tomariam o poder, sempre bem posicionados com os seus agentes secretos e as suas ONG’s. Foi o que sucedeu no Egipto, Tunísia, Líbia…

Mas o mais relevante, no meio disto tudo, é que a suposta “guerra ao terror” estaria sempre condenada, na medida em que os propósitos imperiais dos EUA se sobrepõem sempre aos propósitos ao nível da segurança. E é essa sobreposição que justifica o apoio dos EUA a grupos armados que originariamente se afirmam como terroristas ou extremistas. Afinal, o objectivo não era o terrorismo em si mesmo, enquanto expressão da miséria e desespero humanos, mas a consecução de determinados objectivos politico estratégicos.

Um aparte: os EUA, contudo, combatem o terrorismo como qualquer neo liberal. Olhando para o facto isolado, sem querer saber da sua origem, uma vez que a sua origem obrigaria a abandonar a conduta neo liberal. Esta perspectiva é visível em todas as acções neo liberais. Combate-se o crime com polícia a rodos e não com condições de vida, combate-se o terrorismo com mais terrorismo ainda e não com uma poltica externa justa e séria. Porquê? Porque essas não venderiam armas, não permitiriam a pilhagem, o obscurantismo e a corrupção.

 EUA = patrocínio ao terrorismo

Relembro o apoio aos Talibans aquando da guerra URSS – Afeganistão, a criação do Hamas pela Mossad Israelita para combater Arafat e muitas outras situações, não apenas no Oriente mas também na América Latina e até na Europa (por exemplo no Kosovo, actualmente um estado pária governado por criminosos apoiados pelos EUA).

Actualmente, o mesmo continua a suceder. Desta feita com novos intervenientes.

Como disse antes, o ISIS é a nova coqueluche da luta contra o terrorismo. Tal como após a criação da Al-qaeda, os EUA pediram aos aliados para os ajudarem a combatê-la, ou com a criação de Saddam, foram os aliados quem o destituiu, mais uma vez, os EUA fizeram a sujeira, mais uma vez pedem ajuda para a limpar (em parte, apenas em parte). Os papalvos da EU lá vão de rabinho alçado atrás do Tio Sam, gastar o dinheiro que nos fazia falta para combater a austeridade, nas extravagâncias e inconsequências imperialistas dos EUA.

Para que se saiba, o ISIS, movimento extremista islâmico, com propósitos institucionalistas, surge da Síria como resultado do apoio dos EUA aos grupos armados que visavam combater o governo de Assad. A CIA treinou e armou muitos dos seus operacionais. Preparados para voos maiores (quais talibans no Afeganistão), pretendem agora criar um califado Sunita (quem estará por detrás?), precisamente ocupando grande parte das regiões petrolíferas de Iraque e Síria.


Arábia Saudita: um dos intermediários entre os EUA e o terrorismo

De referir que este movimento Sunita é apoiado, também, pela Arábia Saudita, país governado pela elite Sunita, oposta ao regime Iraniano, de origem xiita. Precisamente as duas principais correntes Islâmicas em oposição no Iraque, uma apoiada pelo Irão e outra pela Arábia Saudita.

Não esquecemos, também, que outro dos aliados dos EUA, a Arábia Saudita, também é um dos principais patrocinadores do terrorismo. De Bin Laden e Al queda, ao ISIS e a outros grupos extremistas Sírios, a Arábia Saudita é suspeita de ter sido o país que enviou aos rebeldes Sírios as armas químicas (Gás Sarin) que estes utilizaram para incriminar Assad, numa operação “False flag” (falsa razão) que visava dar aos EUA um pretexto para invadirem o pais. Esta suspeição foi, aliás, noticiada pela BBC. Afinal nem toda a “média não livre” é igual.

E quem impediu essa “False Flag” de se concretizar? Pois é… A Rússia. Então, perante o atraso nos seus planos, os EUA decidiram aprofundar o apoio aos grupos extremistas na Síria, permitindo a ocupação de território, incluindo território Iraquiano. O problema é que estes grupos são realmente extremistas e ortodoxos e vivem na ideia de serem eles a controlar. Se os EUA, sem olharem a princípios morais ou éticos, jogam mão destes grupos numa lógica instrumental, o mesmo fazem eles em relação aos EUA. E daí ao abuso foi um salto.

Mas os EUA, a “comunicação social não livre” e os círculos pró imperialistas não podiam agora vir assumir o erro cometido. Então, é mais fácil fazer de conta que eles vieram do nada e apareceram por acaso.

Só que, por acaso, os EUA aprovaram já este ano, numa reunião secreta do congresso, uma extensão do apoio aos grupos rebeldes na Síria (vide link da Reuters). E por acaso, nas TV não livres deu-se a notícia de que os combatentes ocidentais que estão com o ISIS (onde estão 12 portugueses), entraram precisamente pela Síria. Admirados? Eu não, porque não tenho ilusões sobre gente dominada pela ganância.
(in http://uk.reuters.com/article/2014/01/27/us-usa-syria-rebels-idukbrea0q1s320140127)

Conclusão, afinal os EUA combatem ou não o terrorismo?

Que dizer também, do que se passa na Ucrânia, com o apoio dos EUA à junta nazi-fascista de Kiev que insiste em promover uma verdadeira limpeza étnica no leste do país? Sabiam que, à chegada a Slaviansk, a primeira coisa que os nazis destruíram foi o monumento comemorativo da expulsão dos nazis pelo exército vermelho? Não, a “média não livre” não disse nada, não é?

A frustração vinda da Rússia

E porquê esta agressão súbita à Rússia pelos EUA? Será porque a Rússia é que tem impedido os EUA de alguns dos seus planos hegemónicos? Síria, Venezuela, Cuba (perdão de 90% da dívida à Rússia) começam a ser exemplos demais para o império aguentar. Afinal império só pode existir um e o Russo não é admitido. Daí que esteja em marcha uma diabolização da Rússia que visará, em ultima instância, retirar o direito de veto atribuído a este país, no concelho de segurança da ONU. Aí, o propósito hegemónico passaria a estar escudado pela justificação política. Não haveria direito internacional que nãos e coadunasse com os apoios obscuros dos EUA aos grupos mais reaccionários que possam existir.

Eu só deixo uma questão:

Como pode um estado que se diz democrático fazer reuniões secretas do Parlamento, ter uma rede de espiões do seu próprio povo que custa 80 mil milhões de dólares/ano, apoiar grupos fascistas, ultra radicais de direita, grupos reaccionários e religiosamente ortodoxos, destruindo regimes que, por muitos defeitos que tenham, são civilizacionalmente mais avançados do que os que depois são impostos por esta gente? Como é que um país democrático apoia um regime que manda um avião civil abaixo, matando quase 300 pessoas, só para que tenha um pretexto (mais uma false flag) para atacar a Rússia?

A democracia não é nem pode ser uma mera farsa onde tudo parece o que não é!

P.S. Aliás, onde andam as caixas negras do avião? Demora assim tanto tempo a manipulá-las?

0 comentários: