Cegueira, ideologia, estupidez ou simplesmente... Loucura?


Quando a receita é sempre a mesma, mesmo após os erros todos, o que pensar? Penso que, já não estamos no âmbito do racional, nem do mentalmente saudável. Estamos no âmbito da doença, da patologia. Quem nos faz isto, quer fazer, sente-se bem com isso. Mas como é que alguém pode sentir-se bem com o mal de muitos e o bem de muito poucos? Alguém louco. Alguém possuído e toxicamente dependente de uma lógica de acumulação de riqueza que liberta adrenalina e se transforma numa patologia social. Esta gente é doente e torna a sociedade doente.


  O chumbo do TC

A propósito do já esperado - pelo menos para mim - corte do Tribunal Constitucional, respeitante ao último pacote de medidas draconianas em análise, várias foram as figuras - mais figurões, acrescento - quer por auto-recreação, quer por decisão da comunicação social corporativa, a emitir opinião sobre o assunto.

O primeiro que ouvi na TSF - rádio que Oliveira comprou sem despender um tostão - foi Nuno Amado do BCP. Então, assumindo um douto tom de voz - o que para um comerciante barato, vendedor da banha da cobra, especulador e usurário, fica sempre a matar - Nuno Amado disse que, depois do "chumbo", o governo não tinha outra alternativa senão proceder à tomada de medidas "compensatórias". Afinal, para tal personalidade, mais danoso que o aumento de impostos às pessoas - absolutamente necessário, nas suas palavras -, mais danoso seria a não continuidade do ajustamento.
A seguir vem o ilustre, excelentíssimo, gestor de renome, Mira Amaral. Este gestor da "tanga", com um passado de compadrio e enterro em empresas públicas, que já devia ter dado o lugar a outro, vem dizer que, aconteça o que acontecer, o governo vai ter de subir os impostos ao povo, afinal, é a única medida que lhe resta. Tudo em nome do ajustamento.

Bem, depois de ouvir outro gestor da "tanga", oportunista, vendedor de almas ao diabo e vampiro eternamente insaciado, vulgarmente conhecido por Eduardo Catroga, defendendo que "as rendas excessivas tecnicamente não existem", ou "agora que a troika se foi, o assunto está arrumado", fiquei esclarecido.

O objectivo da manipulação imediata

Ou seja, a injecção de impostos que esta cambada de sanguessugas nos dá, na comunicação social corporativa, que, ao abrigo dos interesses de quem a detém, atribui infindáveis tempos de antena a toda uma classe social de oportunistas, mercantilistas usurários, tem duas finalidades:

- criar a ideia de que o governo não possui mais alternativas ao nível da despesa, preparando-nos para o pior
- manter intocáveis, dessa forma, os benefícios, privilégios e pornográficos apoios que auferem, a partir do estado, o mesmo estado que todos dizer ser "grande demais"

Desenganem-se, portanto, aqueles que pensam que o esta governo sem lei vai às PPP's das estradas (detidas por bancos, construtoras e grande distribuição) e às rendas pornográficas hardcore da EDP.  Mais uma vez esta gente quer sangrar o "porco". Mais uma vez seremos espremidos, enquanto eles engordam.

Agora, já não sei o que chamar a isto quando tentam fazer-nos ver que, o caminho proposto por tais celestiais pensadores, é o único aconselhável. Um processo de ajustamento suicida que, ano após ano, dia após dia, aumenta a dívida pública e impede o crescimento económico. Uma receita absolutamente tóxica,  provocadora da morte do mercado interno, da miséria do povo e, a par do que sucedeu no ultimo trimestre, da recessão eterna, continua a ser apresentada como boa, quase 4 aos após a sua aplicação.

A loucura, a doença mental

Estaremos, ainda, na fase da teimosia? Não, até um burro teimoso voltaria para trás. Ideologia? Não, a ideologia não sobreviveria a tanta evidência. Ignorância? Não, não me façam crer que esta gente é ignorante. Se o fosse, o que seria eu?

Estamos a falar de loucura, por um lado. A loucura de quem quer caminhar neste sentido mesmos abendo que é mau. A loucura irracional de quem se vende e de quem destrói continuadamente, numa perspectiva psicopatologica, a vida do povo. A loucura de quem mente continuadamente, acreditando por vezes nas próprias mentiras. A loucura de quem sabe que faz mal, mas que esse mal é pretendido por constituir o bem de alguns A loucura da alienação monetarista. A loucura a ganância. A loucura da avidez aurífera. A loucura de Midas.

Já não estamos no âmbito do racional, nem do mentalmente saudável. Estamos no âmbito da doença, da patologia. Quem nos faz isto, quer fazer, sente-se bem com isso. Mas como é que alguém pode sentir-se bem com o mal de muitos e o bem de muito poucos? Alguém louco. Alguém possuído e toxicamente dependente de uma lógica de acumulação de riqueza que liberta adrenalina e se transforma numa patologia social. Esta gente é doente e torna a sociedade doente.

Eugénio Rosa, Douto (este sim) Economista do ISEG, especialista em tudo o que tem a ver com a ditadura dos grandes grupos económicos, publicou recentemente um pequeno estudo sobre a destruição continuada da nossa economia. Podem encontrá-lo aqui: A fragilização crescente da economia Portuguesa.

A censura

Aliás, a este Professor Universitário, o expresso censurou (não assumidamente, como sempre) um conjunto de informações que o próprio jornal lhe pediu. Não lhe agradou. E esta comunicação social, ditatorial, corporativa, autocrática e interesseira, está cada vez mais dependente de lógicas mercantilistas. Esta comunicação social despede jornalistas que fazem reportagens que não agradam a governantes. Esta comunicação social censura noticias, pessoas, perspectivas que não lhe interessam divulgar (por isso é que em 2008 ninguém previa a crise, o que era mentira), esta comunicação social persegue e inquire ex-governantes considerados perniciosos (vide RTP e Sócrates - não me confundam como apoiante deste ser). Ainda bem que há a net e a qualidade e quantidade de órgãos de comunicação alternativos tem aumentado exponencialmente em relação ao desesperado incremento, cada vez mais agressivo, da manipulação através da comunicação social.

Não hão-de quebrar-nos. A luz vence sempre.  há-de aparecer a vacina, o antídoto e a cura. Aparece sempre, mais cedo que tarde.



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