Noticiário dos dias das trevas

Hoje, optei por fazer uma espécie de noticiário, ao invés de um artigo mais extenso e reflexivo. Assim, passada mais uma semana difícil, farei um apanhado de algumas notícias - não interessa a sua importância relativa face as demais - que fui juntando ao longo dos últimos dias. Todas elas, inquestionavelmente, têm o mérito de denunciar da forma mais transparente possível, a degradação ética, moral, intelectual e politica a que os poderes reinantes chegaram. Assim, começo pelos mais recentes:


Economia "Livre" vs "Dirigida"

Ontem, dia 03 de Outubro de 2013, num frente a frente entre António Filipe e Matos Correia, discutiu-se a fusão da OI/PT (entre outras coisas). A determinada altura, perante a preocupação manifestada pelo deputado António Filipe, sobre as consequências de tal fusão para o país, visto tratar-se de uma empresa estratégica, eis que o deputado Matos Coreia responde:  "E o que quer que o governo faça? Nós não vivemos numa economia dirigida"!?! António Filipe respondeu: "pois é...mas é pena"!

E agora pergunto eu: "será mesmo que não vivemos  numa economia dirigida"? A questão que aqui se pode colocar é: "dirigida por e para quem"?

Vejamos...Então os bancos receberam da UE, desde 2008, 4,5 biliões de euros. Isto é próprio de uma economia "liberal"? O BCE aplica aos bancos, nos empréstimos que lhes faculta, uma taxa de 0,25%. Estes mesmos bancos, emprestam aos estados membros da UE a 2,5%, 7%, 6%...Isto é próprio de uma economia "liberal"? As PPP's das estradas em Portugal garantem, à conta do erário público, uma rentabilidade fixa não inferior a 13%. Quando dá menos, o estado compensa, quando dá mais, o estado nada recebe em troca. Isto é próprio de uma economia "liberal"? O estado Português vende a EDP aos chineses e garante-lhes à partida as rendas das barragens e outras infra-estruturas. A esta mesma EDP, nós, portugueses, pagamos todos os meses na factura, uma verba para que esta mantenha o seu investimento em renováveis porque isso é bom para o país. Isto é próprio de uma economia "liberal"? Os mercados de combustíveis cartelizam-se de forma  a desvirtuar a cconcorrência, tal como o fazem os hipermercados e todos os grandes grupos económicos, monopolistas ou oligopolistas. O governo diz que a concorrência está garantida. Isto é próprio de uma economia "liberal"?

Não, a nossa economia é planificada, só que em vez de ser planificada de acordo com as regras do interesse publico, de redistribuição de riqueza, etc, é planificada pelos e para os grandes grupos económicos e numa perspectiva de acumulação e concentração de riqueza. Não se mexe na PT porque não se mexe com os grupos económicos. Não é porque não se possa ou porque tal não seja aconselhável.

O buraco sem fundo

4,5 biliões de euros depois, 20 mil milhões em Portugal e ainda a contar (o mesmo montante que vamos receber de fundos estruturais no período 14-20), taxas de IRC a 13%, isenções e perdões fiscais sem conta... Para quê? Para a banca. Para quê? para que a banca despeça 8.000 funcionários até 2017. Então o dinheiro não tinha sido para recuperar o sistema financeiro, não fosse ele cair aos bocados? Então onde está esse dinheiro?

Quanto teia o estado, e todos nós, poupado se, ao invés de aplicar dinheiro num poço sem fundo, na magia dos Ulriques e companhia, o estado tem garantido o dinheiro dos depositantes, deixando os bancos sem solidez afundar-se? Agora, pagámos milhares de milhões de euros, despedem-se milhares de trabalhadores e a seguir comem-se os depósitos da classe média alta e das PME's.

Não deixa é de ter piada que, entre os donos das PME's e os detentores de depósitos com mais de 100.000 euros estejam, precisamente e, em grande medida, os eleitores dos partidos que estão no governo. Por outro lado, os trabalhadores da banca, a determinada altura, também acharam que eram uma elite à parte. Uma espécie de aristocracia "colaboradora". Até têm o seu sindicato na UGT. Vamos ver de que é que lhes serviu, infelizmente para eles e para todos nós, tanta falta de sentido de classe. Vamos ver se o Carlos Silva é homem suficientemente descomprometido com o poder para defender estes trabalhadores. Até agora...

Resumindo, foram 21 mil milhões para os paraísos fiscais do Ulrich, da CGD (?????) e de outros tantos. Todos eles homens "sérios", "honestos", "competentes" e "desempoeirados". Ai que bandido sou eu!


Mais ajuda ou menos ajuda?

Temos de nos resolver relativamente a uma coisa: andou-se a semana toda a falar em pedir à Troika a flexibilização das metas...É mesmo isso  que é desejável? Bem, se a Troika nos quisesse ajudar, seria. Mas a Troika quer é ajudar os credores a recuperar o dinheiro. E isto não é conversa de vendedor da banha da cobra ou de trolha "à la passos coelho".

A Grécia passou por flexibilização de metas, passou por perdão nos juros, passou por reestruturação da dívida. Resultado? Está à vista. Cada flexibilização resulta em mais austeridade, em mais extorsão, em mais exploração do povo grego. Porquê? Porque os agentes da Troika são como aqueles agentes de insolvências que, acima de tudo, têm que garantir que o estado recebe o dinheiro dos impostos (a não ser que seja uma empresa de um amigo do Passos). Aqui, os agentes da Troika têm a funçãod e garantir que os credores recebem a maior quantia de dinheiro possível, nem que se mate o país.

A verdade é que, como refere o estudo da Oxfam Foudation, uma organização longe de ser marxista ou, até, de esquerda, "nenhum país se orgulhou até hoje de ter recorrido ao FMI". De acordo com o mesmo estudo, o que se esá a passar em Portugal, na Grécia, na Espanha, passou-se - não era preciso dizerem, mas sabe sempre bem - na américa latina, no sudoeste asiático, no Magrebe, na Rússia... O resultado é sempre o mesmo. Fome, miséria, empobrecimento do povo e enriquecimento das elites, a ponto de, comprovadamente, os países intervencionados estarem entre os mais desiguais do mundo.

Ao contrário da Oxfam, que atribui estes resultados à politica errada que estas organizações insistem sem seguir, para mim, a história garante-me uma coisa: As politicas destas organizações não estão erradas. São mesmo assim e são mesmo para ser assim. O recurso ao FMI, BCE e companhia equivale ao que na religião se refere por "vender a alma ao diabo". Recebe-se dinheiro em troca da extorsão e exploração desenfreada desse país.

É aqui que eu coloco...Tenhamos a coragem de assumir que o nosso futuro está no corte com esta cambada de ladrões e criminosos. Caso contrário, não teremos futuro nenhum a não ser miséria. Tenhamos a coragem de assumi-lo e de penalizar todos os que insistem nesta receita.

Mentir ou não mentir
A querela do povo português com a sua ministra das "swap"anças já entrou naquele estado de fermentação e decomposição parecido ao do Relvas. Acabará por dar os seus frutos, como deu com o "brasileiro" Relvas. Agora, descobriu-se que o Santander vendeu ao estado Português swaps especulativos que originaram perdas no valor de 1300 milhões de euros. 1% do PIB nacional foi comido pelo buraco negro dos "mercados". 9 dos swap eram "snowball" e mais 6 tinham risco elevado (eram 25 ao todo). O metro do Porto, num destes swap pagou juros de 23%.

Bem, se isto não são negócios que se perfilam na prática de gestão ruinosa ou danosa, o que serão então? Sabem porque é que continuam a existir estas bolas de neve (snowball) humanas por aí? Porque o nosso sistema judicial para além de corrupto (a corrupção é também moral não apenas material), é cobarde e extremamente corporativo. Já para não falar da sua arrogância genética. Não há solicitador em Portugal (para falar dos mais desqualificados) que não se sinta mais do que a generalidade dos mortais. Se falarmos dos juízes, advogados, bem, já se sabe porque é que a religião está em declínio. Todos eles são deuses em causa própria. Ai tanto que eu queria um Baltasar Garçon em Portugal. Só me saem teixeiras, judices e carvalhos.

Bem, não será devido à preocupação com a sobrecarga do orçamento do ministério da administração interna (com outro que tal na figura de ministro) que não se prende esta gente toda. Mas, como dizer, a ministra das finanças, o rui machete, o passos coelho não nos mentem...

Eles cometem inverdades, faltam à verdade, são imprecisos, revelam problemas de comunicação, têm um discurso pouco claro, são mal interpretados, são vítimas de descontextualização das suas ideias, mas mentir...Não, mentir parece que são incapazes de o fazer.

Ah, de acordo com um deputadozeco conhecido do PPD, só se mente quandos e fala, quando é por escrito, tal não sucede. Numa carta de rui machete ao deputado Luis Fazenda, este garantiu que não tinha acções da SLN. Então, montenegro do PPD diz que ele não mentiu porque a carta foi para um deputado e não para o parlamento. pelo menos, diz ele, machete não mentiu ao parlamento. O que, segundo montenegro, tal não se pode apelidar e "mentir".


O Nobel Obama

Os americanos, na sua cruzada contra os malditos e demoníacos muçulmanos, pelo menos aqueles que eles não conseguem meter no seu bolso, "compraram" a ONU  e o seu fantoche presidente, para aprovar sanções contra o Irão, por causa do programa Nuclear.

Então, de acordo com tais sanções há todo um conjunto de bens e mercadorias que não podem ser trasnportadas para o irão. Bem...Não é bem assim.

Se a empresa for americana, se o cliente for o pentágono e se os compradores forem os militares americanos, tudo pode acontecer. Se for para dar ao povo Irão, eles que morram. Se for para dar aos militares americanos para matarem afegãos...

Assim, um dos principais fornecedores do Pentagono, a Anham FZCO, empresa com instalações na "ultra democrática" e "humanizada" Arábia Saudita, leva as coisas por terra, através do Irão, para o Afeganistão, violando as sanções impostas pela ONU por encomenda de Obama.

Aqui está o link se quiserem comprovar:

http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304713704579093251911750142.html

Como vêem, o que se passa no nosso rectângulo é algo que não é só nosso. É de todos. Pelo menos temos o conforto de saber que na desgraça, na mentira, na corrupção e na farsa estamos muito longe de estarmos sozinhos.

Até para a semana


P.S. de ora em diante deixarei de escrever os nomes dos nossos governantes com letra maiúscula. Para mim, tais personalidades animais não merecem a classificação de "nome próprio". São "nomes comuns", não...São nomes "rascos".

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