Quando está em causa a queda, por actuação culposa
(negligente ou dolosa) dos agentes, de um grupo económico como o BES e o
GES (ao que se sabe muito disto tem a ver com gestão danosa) não se
justificaria a tal medida “excepcional”, baseada numa necessidade premente e
adequada, balanceada por um julgamento de valor, entre o interesse público na
responsabilização e punição dos culpados e um interesse privado, preocupado com
a fuga e o branqueamento? Se se soubesse a verdade do
caso BES… Era vê-los a cair que nem tordos, de deputados a ministros, passando
por “ilustres” advogados, “respeitáveis” empresários, todos nossos conhecidos, e
todos pertencentes aos partidos do arco da corrupção! Disso estou eu certo! O
resto é conversa!
O Banco de Portugal impediu o acesso aos documentos do BES,
por parte da Assembleia da República! Tudo por causa do sigilo bancário,
alegam!
Afinal, com esta notícia fica bem claro o porquê de
Portugal, depois de tanta discussão sobre a necessidade de transparência nas
operações financeiras, permanece como um dos únicos países da zona Euro com um
regime tão rígido relativamente ao sigilo bancário!
Não acredito, obviamente, que o sigilo bancário se deva a
proteger o conhecimento geral do meu salário ou da minha conta bancária! Afinal
quem o quereria saber? O sigilo bancário permanece porque algumas das
principais figuras do nosso regime (políticos, empresários…) continuam a fazer da
obscuridade das suas contas, uma base de trabalho para o seu “modus operandi”
económico!
Esta limitação no acesso aos dados do BES é ainda mais
hilariante, vinda de um governo que, reiteradamente invoca a crise como
justificação para a tomada de medidas “excepcionais”, justificadas pela “absoluta
necessidade” que utilizam como causa de exclusão da ilicitude (ou da
ilegalidade presumida). O governo invoca esta “necessidade premente” para
cobrar mais impostos do que devia, proceder a cortes indiscriminados aos
funcionários públicos e pensionistas, aumentar taxas moderadoras…
Ora, quando está em causa a queda, por actuação culposa
(negligente ou dolosa) dos agentes, de um grupo económico como o BES e o
GES (ao que se sabe muito disto tem a ver com gestão danosa) que envolvia
fluxos de capital no valor de mais de metade do PIB nacional, não se
justificaria a tal medida “excepcional”, baseada numa necessidade premente,
adequada, balanceada por um julgamento de valor entre o interesse público na
responsabilização e punição dos culpados e um interesse privado, preocupado com
a fuga e o branqueamento? Não seria este juízo, motivo adequado, para a exclusão
da ilicitude de tal medida de afastamento do sigilo bancário? Não seria de todo
o interesse público, nacional, que se soubesse quem estava metido nisto? Não
seria do interesse público saber para onde foi o dinheiro que todos, mais tarde
ou mais cedo, vamos ter de pagar?
São estas as questões que me assolam, meus caros. E eu
pergunto ainda: onde estão os nossos Magistrados públicos quando se trata de
apontar o dedo aos poderosos? Não haverá por aí um único Baltasar Garzon
portuga? Ou será que os nossos magistrados estão todos amordaçados, cercados,
submetidos ou integrados neste regime?
De uma coisa eu tenho a certeza… Se se soubesse a verdade do
caso BES… Era vê-los a cair que nem tordos, de deputados a ministros, passando
por “ilustres” advogados, “respeitáveis” empresários, todos nossos conhecidos, e
todos pertencentes aos partidos do arco da corrupção! Disso estou eu certo! O
resto é conversa!
P.S. Um dos alvos do processo dos Visto Gold (julgo que o
director do SEF ou a secretária geral da Justiça, ou os dois!) é muito amigo do
António Lobo Antunes. Este assegurou, ontem, a sua absoluta honorabilidade! Vindo
de quem vem… Alguém acredita? Se ele estivesse calado, acho que eu próprio
falaria em “in dúbio pró reo”. Depois de tal “eminência” falar… A culpa está lá de
certeza, é só procurá-la!
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