Dick Cheney (ex- secretario de estado da Defesa de George Bush - um dos homens Iraque) veio dizer que "a publicação dos relatórios sobre a tortura são um crime contra todos nós"! Apoia, portanto, a tortura. E enche a boca com palavras como "direitos humanos", "democracia" e "liberdade". Ao mesmo tempo que esta "fascizada" nos governa, os EUA continuam, a par do apêndice Israel a ser o único país que vota, na ONU, a favor da manutenção do bloqueio económico a Cuba. Até Portugal votou contra!
Proximamente, e já não falta muito, os EUA, a par do apêndice Israel, serão o único país a não reconhecer o Estado Palestiniano. Até o Portugal de Portas e Passos o vai fazer!
Eu volto a deixar a pergunta: Um país sozinho contra todos os outros continua a impor, pela força, a sua vontade. Será este um país democrático?
A história mal contada!
Cuba está em 44.º lugar no índice de desenvolvimento humano da ONU (IDH), correspondente à classificação IDH muito elevado. Cuba é o país da América latina e caribe considerado o melhor para se nascer. Os países "livres" apoiados pelos "democráticos" EUA estão todos muito atrás. Quem é que nos está a contar mal a história? Já agora, vejam a "ditadura soviética" por oposição à liberdade yankee no Afeganistão:
Revolução - Sophia de Mello Breyner Anderson
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*Revolução*
*Como casa limpa*
*Como chão varrido*
*Como porta aberta*
*Como puro início*
*Como tempo novo*
*Sem mancha nem vício*
*Como a voz do mar...
19º Aniversário
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Este ano não foi em Janeiro, a vida tem obrigado a uma concentração
indesejada em questões menos gratas, mas, não por tal descartáveis.
O Mário é agor...
Notas sobre a táctica.
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Sem perder de vista o objectivo supremo dos comunistas, perante a
capacidade de adaptação do capitalismo e a sua tendência para recorrer à
agressividade e ...
Uma
das coisas boas da História é que nos permite aprender com o passado. Regra
geral, os períodos de evolução do “estado” e do seu poder, coincidiram com períodos
de progresso civilizacional. Os períodos de enfraquecimento e desaparecimento
do estado coincidiram com a escravatura, o feudalismo e a servidão. A história
dá-nos lições inestimáveis… Se pretendermos saber o que é uma sociedade
dominada pelo interesse individual, pela ausência de estado e pelo poder
privado absoluto – olhem para idade média e para a sociedade feudal! É isso que
nos espera com o neo e ultra-liberalismo! A História não mente! O percurso
humano não engana!
Numa manifestação pacífica na Cisjordânia (não, não foi em Gaza,
portanto não era o Hamas), o exército ocupante do apêndice sionista dos
EUA, agrediu, matou e assassinou - abateu! nas vastas vezes repetidas
palavras, da comunicação corporativa ocidental - um ministro do governo
Palestiniano. Reitero: isto passou-se numa manifestação pacífica, da
qual existem imagens! O que disse a nossa comunicação social, a nossa
"média panfletária"? O Expresso, esse kilo de papel de má qualidade,
falou assim: "Ziad Abu Ein morreu pouco tempo depois de se ter
envolvido num conflito com soldados israelitas, durante uma ação de
protesto na Cisjordânia ocupada". Para a SIC, Ziad Abu Ein foi agredido
mas já tinha estado preso em Israel, responsável pela"morte de duas
pessoas". Admirados com a qualidade propagandistica da nossa Comunicação
anti-Social? Até Goebbels coraria de inveja!
Será
a democracia compatível com um regime político ao qual só acedem cidadãos
ricos; com um regime em que todas as ruas, pessoas e seres estão
permanentemente vigiados e controlados; com um regime que alberga taxas de
criminalidade ao nível do terceiro mundo; com um regime que apoia políticos
fascistas e neo-nazis; com um regime que viola tratados ambientais e permite o
fracking e a manipulação genética de organismos; um país que lança bombas de
fragmentação e desmantela países em nome do seu interesse económico; com um
regime que divide pretos de brancos, árabes de cristãos, ricos de pobres; com
um regime que aplica tortura como método regular de interrogatório; com um
regime de partido único que mata na cadeira eléctrica… Serão os EUA uma
democracia?
E eis que o cúmulo da hipocrisia voltou do passado A empresa que,
trabalhando em Portugal, é sediada na Holanda, para fugir aos impostos,
tem responsabilidade social e "ajuda"... Os "pobres"! O patrão "caridoso"
que explora o trabalho temporário, os estágios do IEFP, destruindo
trabalho com direitos, tem responsabilidade social e "ajuda"... Os
"pobres"! A "dondoca" que no seu chá das 5, proclama a caridade como
passatempo e, doando 1/10 do que vale o seu vestido, "ajuda"... Os
"pobrezitos"! O voluntário desempregado, pobre e mal tratado, sem saber
que perpetua a sua pobreza, "ajuda"... Os "pobrezitos"! O "pobre", longe
do fausto e do glamour de quem é caridoso, atendido pela
responsabilidade social que o "exclui", rebaixa-se, esconde-se e estende
a mão... Timidamente, primeiro; ostensivamente depois... Estende a mão,
pede, pedincha... E continua a ser pobre; sempre pobre; para sempre
pobre! Para que serve a "ajuda" aos "pobres"? Alguém, afinal, ajuda os pobres?
Para perceberem em que escala ideológica
se situa Nuno Melo (e outros), basta ver que ele classifica o PS como tendo
virado à “extrema esquerda”! Bem… Se para ele o PS é “extrema esquerda”, começo
a ter dúvidas quanto à classificação de Nuno Melo como fascista! Acho que mesmo
de Nazi… Parece-me pouco! Agora já percebo porque é que ele culpa a “extrema
esquerda” pela guerra civil espanhola. Lutar contra um golpe de estado
fascista, depois de ganhas umas eleições democráticas… Está tudo dito!Fantástico, como se consegue colocar ao mesmo nível
a vítima e o agressor. É de facto uma moral espantosa, esta moral da extrema
direita!
O maior drama do PS, no meio disto tudo, é o de ser colado, pela
direita, à corrupção e, não poder, nem conseguir, demarcar-se de tal
colagem. Porquê? Porque não pode contra-atacar. Porque está
efectivamente "agarrado". O normal seria que, António Costa, surgisse
com um: "agora é que vai ser"; "o PS vai meter a boca no trombone e
colocar tudo a nu"; "o PS vai dar um contributo inestimável no combate à
corrupção"; etc... Mas não o fará! Não o fará, porque entre algumas das
suas figuras tem, também, alguns dos principais corruptos. Muitos deles
suspeitos, outros reconhecidamente. É sempre muito mau quando um
partido é atacado por outro que comete o mesmo pecado (PPD/CDS), mas não
pode atacar, porque o ataque sairia, inevitavelmente contra si próprio.
Ou seja, destruir o PPD/CDS por causa da corrupção, era destruir-se a
si mesmo. Esse é o drama do PS. Esse é o drama de Costa. Poderá
custar-lhe as eleições, porque a maioria absoluta, essa, já lá vai!
Soube-se ontem que 200 inspectores da PJ foram a 41 locais de Salgado
(ou com ligação) para recolha de provas. Engraçado, de facto! Ao
tentáculo do polvo (Sócrates) colocam-no em "prisão preventiva" (local
em que deveria estar há muito tempo nem que seja pelo mal que fez ao
país - o maior dos seus crimes); à cabeça do polvo (verdadeiro
corruptor, cabecilha da máquina) dão-lhe 5 meses (!!!!!) para limpar o
cesto das provas! Não podemos deixar de nos questionar o porquê de tal
disparidade de critério... Mas a resposta talvez estará no facto de
Salgado "mexer" com muito, muito mais! É que ao mexer com tantos, Ricardo
Salgado encontrou aí a sua verdadeira protecção! Foi o que faltou a
Sócrates, Duarte Lima e outros... Eram apenas a ponta do fio, não eram o
novelo, ou o tecelão. Mesmo assim, digo eu, que haverá aí muito boa, iluminada e
envernizada gente que encontra motivos para não pregar olho! Ora se há!
Quanto nos custa um deputado europeu como Marinho e Pinto?
Espera aí… Mas ele foi eleito? É que parece que lá para Estrasburgo ou Bruxelas
não notaram nada ainda… Espera, acho que o tesoureiro já deve ter notado que
paga os 13 mil euros mês para um… Fantasma! 5 presenças em sessões plenárias
(contra 62 de João Ferreira, p.e.)? Um deputado destes sai caro. Pelo que não
faz e pelo que não deixou outro qualquer fazer… E esse preço, meus caros, é
incontabilizável! É o que dá o populismo e a invenção de quem anda perdido e não
sabe em quem votar!
Correndo-se com os Sócrates, os Mendes, os Coelhos e os
Portas, será que a corrupção... O arco da corrupção, fica definitivamente
limpo? Não acredito! E este é o drama deste país e a causa da minha (nossa)
tristeza. É que, depois disto tudo, os grandes corruptores, aqueles que
incentivam, determinam e motivam a corrupção; aqueles que, utilizando o poder
que o dinheiro confere, através do financiamento dos pardidos do arco do
regime, fazem do conluio e do tráfico de influências o sustentáculo do seu
negócio; esses, meus caros, esses continuam a mandar!
Este nosso país parece um filme! Ontem foi aprovada uma proposta de reposição das subvenções vitalícias a políticos. E quem a aprovou? Os partidos do Arco do regime (PS e PSD a favor e CDS absteve-se num "quem cala consente"). E quem votou contra? CDU e BE! Os únicos grupos do parlamento que podem orgulhar-se de não andarem constantemente metidos nos "engulhos" da corrupção! Mas tem piada! Então aqueles que andam sempre a atirar-se aos políticos, que dizem que "são todos iguais", "são todos corruptos", "comem todos do mesmo tacho", agora calaram-se? Porque é que não vieram dizer, a alto e bom som, que, afinal, não são todos iguais? Nem que fosse nisto? Mas não... Nada disseram! E porquê? Porque não lhes interessa falar desses partidos! Na prática, os actores do "silêncio dos imbecis", quando se calammais não fazem do que contribuir para a confusão que dizem combater! Há partidos diferentes sim! E eles sabm quais são, só não querem dizê-lo! É este o "silêncio dos imbecis"!
Depois de todo este volta e não volta, os partidos do arco da corrupção, ao que se esperava, deram o dito pelo não dito e, há duas ou três horas, retiraram a proposta. Afinal, não podiam deixar que ficasse tão às claras, a diferença entre uns e outros, logo, numa marcha atrás estratégica, voltaram ao ponto de partida!
Toda esta situação mostra, no fundo, que a diferença existe. Que existem ainda partidos que fazem da ética uma das bases principais da sua acção política. Ainda há partidos que têm sentido de justiça e que colocam os interesses do povo à frente dos seus... Afinal, as subvenções também beneficiam os seus políticos...
Mas a "retirada estratégica" mais não é do que isso mesmo. Os partidos do regime, retiraram a proposta aquando da "avocação" pedida pelo BE, mas não desistiram dela. Mais tarde tentarão passá-la, sem dúvida! Mas, a provar que a diferença existe mesmo, o PCP propôs o fim definitivo das subvenções. Então, meus caros, se a retirada não fosse estratégica e eu estivesse errado, os partidos do regime teriam de aprovar essa proposta. Será que o fizeram? Não, não o fizeram!
Maquiavel dizia que o déspota para segurar o poder eternamente, só tinha de fazer uma coisa: desacreditar os políticos e a política. No fundo, se todos parecerem iguais e o povo achar que não tem escolha, afasta-se, culpa os políticos e quem, realmente, manda, continuará a mandar, sob o lema da "falta de alternativa"!
Nestes dias, os déspotas do regime, devem ter-se fartado de fazer telefonemas aos seus dignitários do arco da corrupção, a pedir uma retirada da proposta. Afinal, não poderiam deixar que uma simples proposta destas permitisse a clarificação das diferenças!
Será que o conseguiram? Espero que não e espero que aqueles que fazem, mesmo sem querer, esse papel de descredibilização da política e dos políticos, abram os olhos e admitam que a diferença existe sempre! Não é por alguém nos dizer que ela não existe que ela acaba! Existem diferenças, existem alternativas.
Quando está em causa a queda, por actuação culposa
(negligente ou dolosa) dos agentes, de um grupo económico como o BES e o
GES (ao que se sabe muito disto tem a ver com gestão danosa) não se
justificaria a tal medida “excepcional”, baseada numa necessidade premente e
adequada, balanceada por um julgamento de valor, entre o interesse público na
responsabilização e punição dos culpados e um interesse privado, preocupado com
a fuga e o branqueamento? Se se soubesse a verdade do
caso BES… Era vê-los a cair que nem tordos, de deputados a ministros, passando
por “ilustres” advogados, “respeitáveis” empresários, todos nossos conhecidos, e
todos pertencentes aos partidos do arco da corrupção! Disso estou eu certo! O
resto é conversa!
Num
artigo de opinião, de um novo órgão de comunicação social pró-regime – O Observador
– o “propagandista” José Manuel Fernandes, destila todo o seu ódio
anti-CGTP-IN, anti-PCP, anti tudo o que não seja o seu seguidismo doentio em
relação aos propósitos economicistas de um regime cada vez mais autocrático .Este propagandista pró-regime ultra-liberal defende a privatização do Metro, nem que seja para acabar com as greves. Faltando argumentos lógicos e racionais para as privatizações em massa, sem querer, JMF revela em toda a extensão a natureza do seu ser. Ditador economicista, disfarçado de democrata. Para eles, a democracia é tão só , o disfarce da tirania capitalista! A democracia 24 horas por dia? Nem pensar, porque durante 8 trabalhamos e nessas, o feudalismo privado é que manda!
Eis então que 2014 será o ano que consagra, no âmbito de um governo
reaccionário de ultra liberal, a chegada oficial e assumida, da Censura
às nossas universidades! Já sabíamos que a inocente liberdade de
imprensa já havia sido, fulminante e repetidamente, violada pela
Comunicação Social Propagandista. De entre manipulações e deturpações,
os conteúdos verdadeiramente livres começam a ser uma raridade. Já o
sabemos, é um facto científico! Contudo, a chegada de tal orientação
editorial às nossas universidades, consagra algo de muito mais grave: a
censura não está associada apenas a interesses económicos privados, a
censura passou a ser um traço do sistema, passou a ser auto assumida,
auto imposta e presumida. Passou a ser uma forma de bajulação e
reverência.
Imaginem, um movimento de gente anónima, uma amálgama de crenças, das mais reaccionárias às mais
libertárias, das mais equalitárias às mais liberais... Imaginem um movimento de gente mascarada, ninguém é ninguém, nãos e sabe quem é quem... Imaginem um movimento anti sistema mas que, de tanto o combater, torna-se um dos seus instrumentos, manipulado e condicionado pela sua própria "inorgânica". Imaginem um acto sem responsável, uma palavra sem boca, uma ideia sem cara. Sofisticado, persuasivo, imponente, pretensioso e descomprometido, demais para ser verdade. São eles... O "Anonymous".
O que o relatório do OCC (Office of the Comptroller of the
Currency) sobre "Bank Trading and Derivatives Activities" do 1.º
trimestres de 2014 nos diz é que, os grandes bancos mundiais movimentam
derivados (apenas derivados!) cerca de 30x superiores em montante, aos
activos que possuem. No caso do Deutche Bank, o montante é 100 vezes
maior! Eis o porquê de ter sido aberta a época da caça, pilhagem e saque
aos países mais pobres da UE. Eis o porquê de estes gigantes cheios de
ar, verem nas nossos míseros salários e economias a sua única fonte de
salvação. Onde param afinal aqueles gestores de top, aqueles banqueiros
impolutos, aqueles capitalistas rigorosos e éticamente acima de qualquer
suspeita? Param no imaginário religioso de uma classe dominante
corrompida e dos seus cobardes lacaios. É aí que param!
Já antes havia escrito sobre isto: o facto de o nosso governo, ao apresentar as suas previsões, assentar a substância das mesmas, não na ciência, mas antes, tal como em qualquer religião, num acto de "fé" de que a realidade, contra ventos e tempestades, será "milagrosa". Bem... Primeiro, há que dizê-lo: um governo tão reles como este, não sentirá, um sentimento tão profundo, como o que podemos caracterizar de "fé"; um governo como este, acredita mais numa "fezada". Era assim com Gaspar, é assim com a miss Swap, tudo se reporta a um desejo de "fezada". Eles tiveram a "fezada" de ser governo. Agora querem a "fezada" de parecerem governantes, quando não passam de simples charlatães. Este comportamento religioso é tipicamente capitalista, como o prova o Prf. Fernando Lopez Castellano da Univ. de Granada, Vejam a sua aula e tirem as vossas conclusões...
Em tempos de radicalização neoliberal; da ofensiva contra os povos que anseiam libertar-se e seguir caminhos alternativos; aprofundamento dos métodos de intromissão na vida privada de cada um... Surgem receios fundados por semelhanças com histórias que já conhecemos. Até onde chegará a intenção dominadora de um sistema capitalista que se debate com as suas próprias contradições? Numa espécie de dejá-vu, uma das formas mais utilizadas pelos governos neoliberais tem sido o recurso massivo à privatização de sectores chave da economia. Tudo numa lógica de concentração de riqueza... Depois do ressuscitar do ideário liberal da "mão invisível" e do fim do estado social, não nos pode espantar saber que
o primeiro governante, a aprovar e aplicar um plano tão ambicioso de privatizações, como o que assistimos em toda a Europa, se chamava Benito Mussolini. Admirados? O fascismo é uma resposta histórica do próprio capitalismo!
O "modus operandi" é bem claro e estereotipado. Luta, caos, barricadas e
desobediência civil nas ruas; a comunicação social corporativa, ou como
lhe chamaram, a"propaganda média", dominada pelos EUA a berrar as
"verdades" da ordem; processo eleitoral viciado à partida descambando na
eleição de um fantoche manipulado pela "administração". Se este
processo não funcionar, está sempre aberta a possibilidade de
descarregamento das bombas amigas, dos mísseis humanitários e da balas
libertadoras.
Aproveitando
os sunitas Sírios apoiados contra Assad, armando-os e permitindo-lhes a captura
de arsenais desde a Líbia, à Síria e Iraque, os EUA contribuíram para a criação
de um movimento “hollywoodesco”, cujas características se enquadram o mais possível
– quase a metro – na estratégia de pilhagem Yankee. São maus, muito maus. São
terroristas, são árabes, não negociam, são implacáveis, em suma, são
absolutamente abomináveis. E, para somar, ainda desviam os nossos jovens. Que
desgraça! Eis o filme tornado realidade.
Depois de terem contribuído para a formação do que mais
tarde veio a ser o ISIS (Estado Islâmico), os EUA, na sua infernal ânsia
imperial, vêm agora formalizar e tornar público o apoio às forças moderadas na Síria.
Mais uma vez nada parece o que é na realidade. Não sei se o ISIS será o alvo
prioritário deste apoio, talvez Assad seja o verdadeiro objectivo, tal como me
custa a crer que o Ebola seja o alvo prioritário dos 3000 soldados Americanos
que irão para a Libéria. Os “democratas” mandam soldados, os “tiranos” Cubanos
mandam médicos! Mais uma vez, a história encarregar-se-á de apagar todas as dúvidas.
Muitos motoristas? Passos tem 11 e Portas 8... Acham muito? Bem, se for cada um por aldrabice... É que cada um que os acompanhe tem de ser encostado, não vá dar com a língua nos dentes. lembram-se daquele motorista que diz ter levado uma mala de dinheiro a casa do Portas? Esse nem conta para os 8, mas percebe-se porquê! Agora somem tudo e pensem... Serão assim tantos?
Os partidos do sistema acreditam que foram escolhidos e
formados com uma boa intenção, com uma intenção humanista e democratizante. Afinal,
foi tudo ao contrário! Só que, quanto mais tempo demorarem a reconhecer e a
assumir essa “malformação congénita”, como em qualquer doença, mais tempo vão propagar
os seus efeitos. Efeitos nefastos para os povos, diga-se. Efeitos de legitimação
da exploração, do capitalismo, do liberalismo, do imperialismo, agravados pelo
perpetuar da farsa de que a sua intenção é a contrária. O resultado? O
resultado é a subida da extrema direita, também ela uma resposta do capitalismo
a uma necessidade concreta.
O
que têm a ver o ISIS, a Arábia Saudita, o conflito Ucraniano, a guerra contra o
terrorismo, o conflito na Síria, o Iraque e o Afeganistão? Todos são consequência
dos desvarios de uma política imperial de domínio global, incoerente apenas na
aparência, que visa a instituição de uma doutrina de “caos criativo”, impondo
uma lei da selva, na qual o mais forte, os EUA, tenderão a ganhar!
Uma
população sem pátria, sujeita a recolher obrigatório, rodeada por um mar e por
um muro, sujeita a um embargo económico, privada de exercito para se defender,
privada de trabalho, dos mais básicos direitos humanos, espoliada das melhores
terras, das melhores reservas de água e de energia (agora ficaram sem central eléctrica)
… Jovens
e crianças sem futuro, sem liberdade, com as famílias presas, oprimidas,
refugiadas, deportadas ou mortas, sem qualquer perspectiva de vida e com um
sentimento de impotência enorme face ao opressor…
Num
quadro destes é de admirar que sejam as forças extremistas a ganhar terreno político?
Por acaso, a posição mais tolerante da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia,
trouxe o tão ansiado respeito pela existência do estado Palestiniano? Trouxe o
fim à opressão Israelita?
Tenho gasto o meu latim a explicar o que se passa na Palestina. De cada vez que o tento fazer, confundem a minha condenação da força bruta de Israel com um suposto apoio ao Hamas. Como se para condenar uma injustiça fosse preciso cometer outra. Não, não é preciso sermos maniqueístas. Isso é o que o Império quer que sejamos. Vejam e partilhem.
A
história é dos vencedores? Certo! Mas, hoje em dia, podemos observar um novo
fenómeno. É que, continuando os vencedores, na sua missão de estabelecimento
para a posteridade, das suas “verdades” históricas, é curioso que, cada vez
mais, surgem canais independentes de comunicação, relato e registo de factos,
acontecimentos e conhecimentos. Assim, assistimos hoje em dia a uma
bi-polarização das verdades históricas assumidas. Isto, ao mesmo tempo, que o poder absoluto corrompe absolutamente um sistema unipolar, cada vez mais autoritário e inflexível.
Todos ouvimos o coro de figurões proferindo «Israel tem o
direito a defender-se dos rockets do Hamas». São audíveis, também, depois de
proferida a primeira condição, o costumeiro: «desejamos que a via diplomática
prevaleça sobre a via militar». Ou seja, depois de legitimada a barbárie, coloca-se a
alternativa diplomática. Uma espécie de primeiro a tortura, depois a confissão.
Onde é que já vimos isto. Depois, justifica-se a "intervenção" com a legitima defesa. Legítima defesa? Sim, é verdade! Mas é uma legítima defesa PUTATIVA.
Imagine
esta situação: De um lado o Estado Europeu, espartilhado pelo tratado
orçamental, sem qualquer capacidade de crescimento, investimento e promoção da sua
imagem ou estrutura; de outro lado, o sector privado das corporações e
multinacionais, usufruidoras das “ajudas” do estado, detentoras do capital “concentrado”
e de todas as alavancas necessárias à sua expansão, promoção e investimento.
Nestes termos, depois de um pacto orçamental “espartilhador” do estado, sucedido
por um TTIP (Transatlântic Trade and Investment Partnership) que liberalizará
toda a actividade económica, incluindo as que, tradicionalmente, dependem do
estado… O que sucederá com o nosso Estado Social? O que sucederá com a nossa
democracia?
Os EUA são o país do mundo que mais dinheiro gasta em ONG's. São também, o país do mundo que mais gasta em política externa, armamento, espionagem, vigilância, compra de informações e metadados. Qual o papel de organizações como a USAID, NED, Clinto Foundation, World Bank, Freedom House ou OXFAM, para a prossecução dos interesses imperiais no mundo? Uma foto do comandante do ISIS (Islamic State of Iraq al-Sham) numa tenda da USAID, durante a guerra na Siria e da recente ocupação - "consentida" - do Iraque, pode ajudar a perceber melhor, o recurso a esta dimensão "social" da estratégia de poder imperial e global dos EUA - talvez, o mais vasto império da história humana!
João Ferreira, Eurodeputado do PCP, interpelava Junker sobre a necessidade de renegociação da dívida pública Portuguesa, tentando, infrutuosamente, prender a atenção do seu interlocutor. E o que fazia Junker? Prestava atenção ao deputado Português? Ouvia-o com a atenção merecida a quem representa centenas de milhar de cidadãos Europeus? Escutava com a concentração de quem respeita, profundamente, a praxis democrática de uma Europa que ainda se orgulha de pertencer ao que os EUA apelidam de "mundo livre"? Não! Junker, Jean Claude Junker, estava com muita atenção. Muita! Estava com atenção ao que a sua mulher dizia ao telemóvel. «Ces't ma Famme» - disse ele a João ferreira.
Primeiro cria-se o problema. Depois, perante o apelo das massas, reage-se. Por fim, aplica-se uma solução, a qual deixa, para o futuro as sementes para novos problemas... Este ciclo eterniza-se e repete-se sem fim. No seu âmago estão pessoas, homens, mulheres, crianças, que vêem, inabalavelmente a sua vida destruída. E que está por fora? E quem cria o problema, a reacção e a solução? Também estes serão seres humanos? Ou serão monstros?
Sabiam que os governantes
"democraticamente" eleitos pelos cidadãos da UE, EUA e outros
potentados económicos, se preparam para assinar mais um tratado internacional
secreto? Trata.se do "TISA - Trade in Services Agreement".
Um Jornalista Russo, de sua graça Andrei Karaulov, publicou um trabalho em filme intitulado "Momenth of Truth" (momento da verdade - tradução livre). Não fujam, dispam-se de preconceitos e vejam-no.
«É necessária alguma forma de escrutínio da actividade dos juízes do TC». «É necessário pensar em sanções que possam ser aplicadas aos juízes do TC, responsabilizando e penalizando-os, em virtude das suas decisões». Foram, mais ou menos, as palavras que todos tivemos a oportunidade de ouvir a Passos Coelho e companhia, nos dias seguintes após a decisão do Tribunal Constitucional (TC). Não sei o que me alarma mais: se as palavras neo fascistas de Passos & Cia; se o silêncio retumbante de jornalistas, comentadores e de muitos políticos. Para um verdadeiro democrata, a simples pressuposição de tais acções, é assustadora! Principio da separação de poderes, já ouviram falar?
Este breve documentário mostra-nos o porquê de chamarmos à comunicação social "mainstream" de comunicação social corporativa. Num breve filme, o jornalista Espanhol mostra-nos a teia de relações que determinam o caráter "corporativo" da comunicação social que nos entra pela TV adentro. Notícias encomendadas, notícias censuradas, verdades negadas... Um rol de factos denunciadores de toda uma trama que passa ao lado de muitos. Infelizmente, com uma comunicação social assim, só nos resta o "ver para crer" e o "duvidar sempre". Vejam por vocês mesmos:
“Não há contratos de 1ª nem contratos de 2ª… existe uma
diferença entre os contratos dos funcionários públicos e os contratos das PPP’s…
A mudança de um estatuto não é a mesma coisa que a mudança de um contrato
administrativo… Um contrato com um investidor internacional, feito com o estado,
com certas condições, vale até mais do que a lei! Se fizer uma lei contra
aquele contrato vou ter de indemnizar!”
Lobo Xavier, respondendo a
Pacheco Pereira sobre as PPP, em Quadratura do Círculo no dia 05/06/2014
Desde 1979 que os diversos candidatos Franceses referem que o estado Social Europeu constitui um pilar fundamental da construção europeia. Que sem este, os povos não têm interesse em entrar ou manter-se na UE. Bem, hoje em dia temos o Euro e pode arremessar-se com esse fardo, dizendo: "ai de nós se tivermos de o deixar"!
Obama, acompanhado
de Merkel, discorrendo sobre a situação na Ucrânia, durante mais uma cimeira do
G7, disse para quem o quis ouvir:
"The days of empire and spheres of
influence are over," "Bigger nations must not be allowed to bully the
small, or impose their will at the barrel of a gun or with masked men taking
over buildings”.
Tradução livre:“Os dias dos impérios e das esferas de influência acabaram”, “Não podem
permitir-se às grandes nações que oprimam as mais pequenas, ou imponham a sua
vontade à custa das armas ou de homens mascarados ocupando edifícios”.
Quando a receita é sempre a mesma, mesmo após os erros todos, o que pensar? Penso que, já não estamos no âmbito do racional, nem do mentalmente saudável.
Estamos no âmbito da doença, da patologia. Quem nos faz isto, quer
fazer, sente-se bem com isso. Mas como é que alguém pode sentir-se bem
com o mal de muitos e o bem de muito poucos? Alguém louco. Alguém
possuído e toxicamente dependente de uma lógica de acumulação de riqueza
que liberta adrenalina e se transforma numa patologia social. Esta
gente é doente e torna a sociedade doente.
Estes
senhores querem tornar-nos a vida como um jogo de computador. Desafios, obstáculos
e barreiras permanentes. Querem tornar-nos animais com instintos de sobrevivência
exacerbados e desprovidos de capacidade crítica. Como num jogo de computador,
agimos muito e pensamos muito pouco.
Recuemos
a 2008. Em 2008, António Borges era administrador de uma empresa de Hedge Fund. A Hedge Fund Standards Board.
Todos
sabem o que se passou em 2008. Foi o sub-prime. Com a crise do sub-prime nos
EUA, hedge funds como o de Borges ficaram em muito maus lençóis. No caso
concerto, como comprova uma entrevista de A. Borges à BBC em 2009 (está no
youtube), este senhor foi acusado de manipular informação sobre empresas e a
sua condição económica para assim enganar investidores.
Uma
curiosidade da estratégia comunicacional assumida pelos radicais doutrinários e
propagandistas da religião neo e ultra liberal, tem a ver com a menorização dos
eleitores e do seu voto, nestas eleições Europeias.
Aliás,
toda a estratégia da direita, em contradição com o discurso anti abstenção
(admirados?), assenta numa lógica desmobilizadora do voto. Passo a explicar.
Enquanto
ouvia Cavaco Silva dizendo na sua conhecida voz de cana rachada: “Portugal tem
hoje uma economia sustentável e em plena recuperação”; ouvia, o ministro da
Presidência Marques Guedes, na sua implacável e infindável capacidade
mistificadora, justificando: “o PIB recuou 0,7% no primeiro trimestre de 2014
devido ao encerramento da Autoeuropa e da refinaria da Petrogal em Sines”.
Afinal não são só os Russos que colocam operacionais na Ucrânia…
Admirados? Eu não… Nada mesmo, até porque isto já se sabia desde há muito
tempo. O USAID, o Freedom House eram os meios mais comuns de introdução de
operacionais disfarçados. Com o recente golpe de estado, a situação só não
saltou à vista de quem não quis ver.Já não são apenas os costumeiros agentes do FBI e CIA que, segundo fontes da Casa Branca, estão na Ucrânia prestando "guidance" e "advisory" ao governo.
Isabel Jonet afirmou que os desempregados passam demasiado tempo nas redes sociais em vez de procurarem emprego. A afirmação carece de bom senso, mas sobretudo é falsa. Se os desempregados fossem todos à procura de emprego haveria na mesma 1 milhão e 400 mil pessoas desempregados. Os mesmos que há com os desempregados “a passar o tempo nas redes sociais”. Há 1 milhão e 400 mil desempregados porque há 1 milhão e 400 mil postos de trabalho que não estão a ser utlizados de propósito.
Há algo que me faz uma confusão imensa. Quer dizer…Não faz,
mas poderia fazer se eu não soubesse o porquê. E de que se fala?
Bem, quando eu olho para aquela quantidade enorme de
associações, agências, ong’s, que, de forma sistemática, referem defender a
ecologia, o ambiente e a natureza, fazendo-o, na grande maioria dos casos, sem
que estabeleçam qualquer relação entre factores que são altamente contraditórios,
como:
A
ideia de que as ameaças à natureza, ao planeta e ao equilíbrio ecológico,
estão intimamente ligadas à exploração massiva dos recursos
A
ideia de que essa exploração é responsabilidade inequívoca do sistema
capitalista em que essas organizações se movimentam e com o qual, inúmeras
vezes, possuem uma intimidade confrangedora
Aparentemente, quando se fala de FMI, a maioria do público não
estabelece uma relação directa entre este organismo internacional e os
interesses dos EUA.
Aliás, quando aparece alguém a dizer que o FMI nada mais faz
do que prosseguir interesses imperialistas dos EUA e do ocidente, em especial,
dos países mais ricos, muita gente que se considera de esquerda, democrata e
isenta, levanta as “guardas” e “defesas” ideológicas e pensa: “lá vem a
conversa habitual da “extrema-esquerda”.
O problema é que, do ponto de vista comunicacional e propagandístico,
os EUA obtiveram uma vitória assinalável ao conseguirem distanciar a ideia de “FMI”
da ideia de “interesses imperialistas dos EUA”.
Se esta relação é bastante visível para quem, ideologicamente,
está do outro lado da “barricada”, ou para quem está por detrás da construção
do próprio sistema geoestratégico dos EUA, o mesmo já não se pode dizer no que
respeita à generalidade dos cidadãos, nomeadamente, aqueles que se encontram
desradicalizados do ponto de vista Político e fazem depender a sua informação politica
pessoal, dos órgãos de comunicação social de “referência”.
O branqueamento da relação do FMI com os interesses dos EUA
foi, obviamente, conseguido através de fortíssimas campanhas em órgãos de
comunicação social de “referência”, dia após dia, ano após ano, comentador após
comentador, jornalista após jornalista.
Como desmontar isto? Eis que, para além das evidências históricas
que remontam à América Latina dos anos 60, 70 e 80, à Inglaterra de Tatcher, ao
“consenso de Washington”, à Rússia e leste europeu dos anos 90 e à Europa do
sul do século XXI, vem uma carta do Comité de Bretton Woods ao Congresso Americano,
clarificar totalmente o papel deste fundo para a estratégia de domínio dos EUA.
O que é o Comité de Bretton Woods?
“O
Bretton Woods Committee é uma organização Estado Unidense criada em 1983 como
resultado de um acordo entre O secretario de Estado do Tesouro e o seu Vice, um
Republicano e um Democrata. O objectivo deste comité é o de influenciar e
sensibilizar para a importância da existência de instituições Financeiras
Internacionais, as apelidadas “Bretton Woods Institutions”. Foi após a Conferência
de Brenton Woods em 1944 que o FMI e o Banco Mundial foram estabelecidos. O
objectivo fundamental passa, portanto, por elevar a importância do FMI, do BM e
da Organização Mundial de Comércio”.
Ora, Esta apresentação contida em Wikipédia, só por si, já
diz muito sobre a criação e potenciais objectivos destas organizações. A não
ser, claro está, que estejamos perante alguém que, lendo isto considere que,
mesmo assim, os EUA criaram esta organização por “fraternidade” e “solidariedade”
com os pobrezitos. Seria precisa uma grande dose de crença de boa fé no sistema
para acreditar que os objectivos destas organizações iniciam e findam no seu
papel literal.
Mas, para os mais incautos, fica aqui a prova final da “bondade”
Yankee:
“The IMF has always
been a valuable tool for advancing U.S. national interests
globally, from
helping navigate
the Latin crisis of the 1980s to supporting the Arab Spring countries today
with
policy advice, technical assistance, and financial support”.
Tradução livre:
“ O FMI sempre foi uma
ferramenta valiosa na prossecução dos interesses nacionais dos EUA ao nível
global, desde a ajuda a ultrapassar a crise latina dos anos 80 ao apoio aos países
da primavera árabe com aconselhamento politico, assistência técnica e apoio
financeiro”.
Desta simples declaração
muito haveria a retirar e que daria para outro artigo. Deixo, no entanto, as
seguintes notas:
Esta
carta foi endereçada ao Congresso dos EUA pedindo um maior apoio,
financeiro e político, ao FMI, nomeadamente através de produção legislativa
que o concretize
Num
determinado ponto diz a carta que o “FMI defende os interesses comerciais
e os trabalhadores das companhias americanas que funcionam nesses países,
suportando o emprego e as exportações dos EUA”
Esta
carta comprova “ipsis verbis” o interesse estratégico que o FMI tem para
os EUA a nível global, na manutenção da sua influência económica
Esta
carta comprova também a importância estratégica do FMI para a entrada,
investimento, permanência e domínio económico dos EUA, nos países
intervencionados
O fim do mistério
Desvenda-se, desta forma, o mistério que atacava algumas
mentes mais incautas sobre o porquê da “desconfiança” que as forças políticas
progressistas, normalmente, sentem em relação ao FMI, BM e OIC. As organizações
financeiras de Brenton Woods constituem importantes ferramentas de domínio
imperialista.
Basta ver os choques económicos e sociais de natureza
neo-liberal que afectaram a América Latina no passado, a Inglaterra e os países
da ex-URSS, incluindo a própria Rússia.
Aliás, as notícias ontem veiculadas sobre a Ucrânia
comprovam mais uma vez esta evidência. Depois da tomada do poder através de um
golpe de estado, realizado no sentido de afastar a Ucrânia da influência Russa,
numa guerra de impérios (e não de bons e maus, como muitos, maniqueistamente
gostam de catalogar), o governo interino – uma mistura de ultra liberais com
neo nazis – apressou-se a concretizar aquilo que estava por detrás desta história
muito mal contada: o negócio da entrada do FMI na Ucrânia.
Ontem, noticiou-se, então: um empréstimo de 27 mil milhões
de dólares, 15 do FMI e 12 da EU mediante a imposição de medidas draconianas à
semelhança das nossas.
Para já as primeiras imposições conhecidas serão: aumento do
gás natural em 50%, uma vez que ele virá do Espaço Económico Europeu e dos EUA;
congelamento dos salários e pensões (altíssimos que eles são na Ucrânia!?!);
privatização das empresas públicas que ainda sobram…
A receita já é conhecida, bem conhecida. Alguém duvida que
os Ucranianos passarão a viver bem pior e que nem daqui a 20 anos estão de pé? Mais
uma vez, começou a pilhagem disfarçada de “ajuda”. Nós já sabemos bem o que é
que significa uma ajuda destas.
O povo Ucraniano? Vai de mal a muito pior.
E nós? Nós vamos ter de descer ainda mas os salários (dirá a
EU) porque a entrada da Ucrânia no Espaço Económico Europeu fará com que baixe
a média salarial na EU e com que países menos competitivos, como o nosso,
fiquem obrigados a competir com salários de 1€ à hora, que, ainda para mais, vão
ter de descer.
Fantástico, não é? É só democracia e crescimento económico
que para aí vem…
Primeiro
era o tratado com a EU. Depois foram as manifestações em Donetsk e Kiev. Depois
vieram os snipers e as barricadas, os mortos nas manifestações…Mais tarde as
milícias, os hospitais de campanha e as ocupações ministeriais. A Ucrânia
estava sob assalto e a confusão era enorme.
Continuou
com a invasão das sedes do partido das regiões, com propostas de ilegalização do
partido comunista ucraniano, bocas, ofensas e agressões aos judeus e aos
ucranianos pró-russos. Continuou com o derrube das estátuas do Lenine…
Um
cobarde presidente, Viktor Yanukovich, rico oligarca e corrupto, foge a sete pés
e abandona o poder. Entre enviados de todo o lado menos do povo ucraniano, surge
um novo governo interino, aprovado por um parlamento sob assalto armado e em
estado de choque. Este governo, composto
por partidos da chamada oposição, inclui 5 Ministros de um partido de extrema-direita,
o Svoboda, proveniente de uma região ocidental da Ucrânia em que metade dos votos são
nazis, saudosistas dos tempos do colaboracionismo anti soviético ao lado de…Isso
mesmo, Hitler.
Os
Russos, ora aproveitando o pretexto para resolver a situação da Krimeia, ora
preocupados com o que os Alemães e EUA tinham na manga para as suas fronteiras,
decidiu intervir e apoiar os manifestantes pró-russos, que até aqui ninguém
julgava existir, a não ser que estivesse com alguma atenção e conhecesse a história
Ucraniana.
O
governo neo-nazi, preocupado com o salvamento das aparências, decidiu não
investigar o caso dos snipers. Segundo um telefonema captado pelos serviços
secretos de Viktor Yanukovich, estabelecido entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros
da Estónia, Uros Paet, e a Alta representante dos Assuntos internacionais da EU,
Catherine Ashton, esta gente sabia que o Svoboda era nazi, que os seus membros são
bandidos e que foram eles que contrataram os snipers para incriminar o anterior
governo.
Aqui
está para quem quiser ouvir
Claro
que isto nunca deu nas nossas notícias. Como não deu que um dos financiadores da
“oposição” Ucraniana é Victor Pinchuk, oligarca do aço, que comprou a indústria
nacional do aço ao seu sogro, ex-presidente Ucraniano. Gente séria, portanto.
Também não se falou que este senhor Pinchuk é um dos financiadores da fundação
dos Clinton e um dos principais financiadores da candidatura de Hilary Clinton à
presidência dos EUA.
Também
se sabe, por exemplo, que está prevista, no âmbito do acordo com a EU, uma
reestruturação da economia Ucraniana, para a qual, o FMI entrará com um empréstimo
nunca inferior a cem mil milhões de euros. Vendo, aqui no nosso canto, como é
que é esta história dos empréstimos, das ajudas e das reestruturações…
Mas podia ainda mostrar gente como o Senador Maccain, a mesma Catherine Ashton e outros com gente do Svoboda:
Ou ainda um dos membros da Maidan brown shirts, constante das listas internacionais da Interpol por incitamento ao terrorismo (Dmitry Yarosh - centro):
Este senhor é o líder da delegação do Sector da Direita Neonazi ao Paralmento Ucraniano. É também co-fundador e amigo do lider do Partido Svoboda (nas fotos atrás) - antes Partido Neo-nazi Social-Nacional da Ucrania.
Agora: eu sei isto tudo há bastante tempo e querem-me convencer que, nem a comunicação social ocidental, na sua sanha por escândalos, nem os EUA com os seu 80 mil milhões de dolares anuais em "intel", nem a EU, sabiam destas coisas. Otários aqui ou quê?
O capital joga a mão aos fascistas sempre que pode para dominar. Aliás, sente-se sempre muito afim e perto deles. Estranho não é? Para quem anda sempre com a boca cheia de democracia.
O
que vi na televisão…
Primeiro
veio a EU, com um tratado comercial. Depois vieram os russos. Depois o povo
revoltou-se contra os russos. Depois os snipers contratados pelo governo
mataram manifestantes da oposição. Depois o governo corrupto, pró-russo, foi
derrubado pelo povo e o parlamento aprovou um novo governo interino, realmente
consonante com as aspirações populares.
Entretanto,
o povo, montou as barricadas, armou milícias e montou hospitais de campanha. O
mesmo povo, muito zangado, ocupou os símbolos do antigo governo.
Os
Russos malvados que querem a Krimeia de volta, após uma sessão de bebedeira de
Kruschev, desatam a invadir a Ucrânia, isto porque, na Ucrânia já não existem
pró-russos a não ser na parte leste, ou seja, na própria Krimeia.
Vem
Jonh Kerry e a enviada da EU, Catherine Asthon, trazem paz e sanções
financeiras e económicas contra os malvados Russos. Jonh Kerry traz também mil
milhões de dólares no bolso, os quais, digo eu, muito jeito dariam aos milhões
de americanos que passam fome, e Ana Gomes está realmente convencida que a
agressão Russa é ilegítima e injustificada.
Na
Ucrânia todo o povo está com o Svoboda. O Svoboda é a voz do povo…
Na
Ucrânia, o povo oprimido pelos algozes de Putin, luta ferozmente pela libertação
do jugo imperial Russo, numa continuação da sua ancestral luta pela libertação
do “império” Soviético. Depois, há meia dúzia de pró-russos da Krimeia que não
querem a mudança.
Sabemos
ainda que, o PS tem uma posição passivamente dúbia sobre o problema, em virtude
de um conjunto de preconceitos anti-comunistas – e quiçá anti socialistas – afectarem
alguns dos seus “sociais democratas”. O PSD está com os EUA para o que der e
vier, como esteve na situação Iraquiana ou Afegã. O CDS? O CDS com os seus
laivos de extrema-direita, à partida está pelos EUA, mas não enjeitaria alguma
simpatia com a Alemanha – se é que percebem o que quero dizer.
Só
lembro aqui que, na ultima quadratura do círculo, Lobo Xavier acusou Seguro de
ser radical de esquerda, mas quando Costa lhe falou da Frente Nacional em
França, calou-se que nem um rato. Mais tarde chamou Pacheco Pereira de Marxista
por aquele defender uma distribuição mais justa da riqueza. Estamos conversados
sobre as reais simpatias ideológicas do CDS.
E
depois, o que aconteceu?
Depois
vem James Cameroon dizer a Jonh Kerry que: “alto lá e para o baile que a banca
inglesa não funciona sem o dinheiro dos malvados Russos”. Merkel não diz nada
mas pensa: “eu bem que queria deitar a mão às empresas públicas Ucranianas, mas
o gás Russo está-me a lixar os planos”, “tenho de dizer ao Kerry para deixar
isto andar e ver o que dá”, “com sorte o FMI vai para lá e nós pilhamos o que
houver para pilhar”.
Vem
Putin, que a sabe toda e, encontrando-se numa posição de vantagem, diz:”meus
amigos, este vosso governo da tanga é ilegítimo, de extrema-direita e nazi”, “se
me chateiam, eu invado a Krimeia e digo que o povo Russo foi ameaçado”.
Inexplicavelmente,
a comunicação social corporativa ocidental começa a dizer que afinal há pró-russos
na Ucrânia, que nem todos estavam contra o Yanukovitch, que afinal isto é uma grande
confusão e que o Maidan é de extrema-direita e de inspiração Nazi. Sim…Estão assustados
com a m***a que fizeram! Os EUA, com a cobertura dos média corporativos,
fizeram na Ucrânia o que fizeram no norte de Africa. Agitaram, remexeram e
perderam o controlo. Agora, tentam arranjar um reaccionário para colocar no
poder. Ah…Que afinidade tem o Império capitalista ocidental com toda e qualquer
forma de fascismo! Apoiam sempre os fascistas e reaccionários, sempre!
Eis
que surge a China e telefona às partes, Merkel, Putin e Kerry. Eis que o
Primeiro-Ministro Chinês telefona a Kerry e Merkel e diz-lhes: “Camaradas, nós
não gostamos de confusão mas, não se esqueçam da terra toda que comprámos na
Ucrânia e que produz cereal para matar a fome na China”, “controlem-se lá
porque o povo Chinês já passou fome que chegue e vocês o que querem é engordar
ainda mais”.
Por
fim, na nossa comunicação social (na estrangeira não era bem assim) começaram a
surgir comentários como: “Isto não há bons nem maus”; “isto é só interesses de
um lado e de outro”; “tem de se ter cuidado com o Svoboda”; “isto é assunto
entre impérios”; “a Ucrânia está dividida”; etc…
Verdade?
Demoraram tanto tempo para chegar a estas brilhantes conclusões? É preciso
receber milhares de Euros de avenças mensais, das TV’s e jornais para, passados
dois meses, chegar a uma conclusão que já se tirava à partida?
Não,
o que estes comentadores estavam era com medo. Medo do poder, medo de tomar o
partido errado, medo de perder o emprego.
Pois
eu não tenho medo de perder o emprego e afirmo o que disse sempre desde o início:
1.º
Putin, Merkel, Obama, para mim são todos iguais porque todos se movimentam por
dinheiro, poder, protegem oligarcas, multimilionários e todos têm propensões
imperiais;
2.º Para
mim não se trata de apoiar Putin com base numa ideia saudosista pró-soviética
como, muitos pseudo-democratas preconceituosos, acusaram comunistas e gente de
esquerda quando optaram por tomar uma posição isenta quanto à análise da situação.
Não tenho qualquer ilusão sobre Putin e sobre a sua simpatia com o comunismo,
socialismo ou a esquerda. Putin é mais um governante imperialista, autoritário,
tipicamente Russo.
3.º
A Krimeia é um problema real para os Russos, pelas razões relacionadas com a
sua anexação à Ucrânia. A Ucrânia é um problema centenário, tal como a Polónia,
pela sua importância geográfica e territorial. Daí que, ao longo da história dos
impérios Europeus, ter-se sempre levantado o problema daquela região e da sua
divisão.
4.º
A Rússia tem interesses territoriais, militares e económicos na Ucrânia? Certo,
como os EUA e a Alemanha. Tal e qual. Do escudo anti-missil ao desmantelamento
da economia ucraniana a pretexto de uma ajuda ocidental (conhecemos bem que
tipo de ajuda é essa).
5.º
Desde cedo se viu que a “oposição” ao Partido das Regiões era dominada por
partidos reaccionários e de extrema-direita, provindos dos antigos partidos pró-nazis.
6.º
Por outro lado, o partido das Regiões não era um partido de esquerda. Era mais
um partido centrista, de inspiração liberal e com gente autoritária, gananciosa
e pró russa, no pacote.
7.º
Desde cedo se percebeu que, quem visse as televisões internacionais, que a Ucrânia
estava dividida entre pró-russos e anti-russos.
8.º
Uns são maus e outros bons? Não, claro que não. Tem a ver com etnias e com a
história. Só que, os pró-russos nunca colaboraram com os nazis e, logo, os
anti-russos estão muito conotados com a direita mais reaccionária e, nalguns
casos, de inspiração nazi.
Perante
tudo isto, eu pensei: “Não vou escolher um lado?”; “mas temos sempre de ter um lado,
não é?”; “então escolho os Russos”.
Porquê?
Porque por muito maus que sejam não podem ser piores que os Nazis. E como eu,
por ser quem sou aqui neste cantinho Portuga, outra coisa não poderia ser na
fria tundra ucraniana. Ou seja, ainda está para nascer o dia que me verá a
tomar partido pelos nazis, fascistas e outros reaccionários.
Por
outro lado, o fim da União Soviética e da guerra-fria ensinou-me algo…O poder
nunca deve estar de um só lado. O poder corrompe, o poder absoluto corrompe
absolutamente. O fim da URSS mostra como a Europa se corrompeu totalmente,
rejeitando e enterrando os princípios que, segundo a “lenda”, estiveram na
origem da sua criação. Mal por mal, preferia a história da carochinha da
democracia, do estado social europeu….
Poderiam
também dizer: “mas não é preciso escolher lado!”
Aí é
que se enganam… Cada vez mais temos de ter lado. Numa altura em que alastra, a
par da nova idade média, o fascismo, temos de escolher se estamos para
embarcar, mesmo que por passividade, nessa tendência, ou se escolhemos lutar
contra ela.
É
que aquela ideia de que não se tem de escolher lado é muito perigosa e só
interessa a quem domina. Sabem porquê? Eu explico:
Imaginam
um barco com quatro remos, dois de um lado e dois do outro. Se os dois remos de
cada lado remarem, para onde se dirige o barco? Para o lado com mais força, ou,
tendencialmente, para o meio (onde se diz estar a virtude). Mas, imaginem que
um dos remadores decide não escolher lado e, portanto, deixar de remar. Para
que lado vai o barco? Para o lado em que os dois remam. E o que não rema? Vai
com eles…
É
que quem não luta vai com aqueles que dominam, mesmo que, à partida não goste
deles. Quem luta, tem pelo menos a consciência de tudo fazer para não seguir na
tendência. Portanto, por cada cidadão, trabalhador que decide não tomar partido
nesta luta contra qualquer forma de império, principalmente de impérios que não
têm problemas em jogar com os nazis, é mais um que contribui para o alargamento
da tendência mais forte neste momento. Ou seja, está a contribuir para a sua própria
pobreza.
Toda
esta questão Ucraniana tem-me forçado a uma reflexão profunda. Uma reflexão
quanto às nossas capacidades de descodificação da realidade concreta, por entre
uma imensidão de informações e contra-informações, de carácter propagandístico
ou não, das quais nem sempre – ou quase nunca – é possível identificar os seus
emissores originários e as suas reais intenções.
A
grande conclusão que retiro deste emaranhado de verdades difusas e incoerentes é
a seguinte: a realidade que nos é apresentada – não confundir com a realidade
concreta e objectiva – é cada vez mais complexa.
Perante
tal complexidade surge uma questão de grande pertinência: como não nos
perdermos no meio de tanta confusão? Em que é que devemos de acreditar? Em
quem?
A
importância dos princípios
As
questões levantadas não possuem uma resposta tão objectiva e final quanto desejável.
Contudo, julgo que a resposta está mais no plano dos princípios. Para não nos
perdermos teremos de remontar aos princípios.
Expliquemos
melhor esta ideia, levantando uma outra questão: porque é que na idade média a
humanidade encontrou a resposta em deus? Talvez porque, perante uma realidade
que mudava todos os dias e que se caracterizava pela instabilidade, a crença em
princípios estáveis e imutáveis (mesmo que morais, emocionais…) ajudava a
encontrar um caminho por entre toda a confusão.
A
mudança constante da realidade é uma característica das idades médias
Ora,
a ideia de que, nunca como antes, a realidade quotidiana se caracteriza pela
constante mudança, é falsa. Falsa? Sim falsa. Basta ler qualquer livro de história
da idade média para perceber que a instabilidade era “a característica” dessa
sociedade. O poder, as condições materiais de vida, os governantes, as
fronteiras, as famílias, os amigos, mudavam a uma velocidade impressionante. A
ausência de lei, de direito, de ética no plano político, fazia com que uma
pessoa do povo sentisse uma insegurança tremenda quanto ao futuro. De repente,
uma família com vários filhos, com uma vida estável, podia, perante uma guerra,
uma desordem, um desmando ou abuso de poder, ficar sem nada.
Qual
a diferença para hoje? A informação. É que hoje vivemos na sociedade da
informação. E perante o excesso de informação, sentimo-nos ainda mais perdidos,
principalmente quando, ao contrário do que se passava na idade média, se
anunciou a morte de deus, das religiões e, ainda mais importante, numa
perspectiva civilizacional, das ideologias politicas. Ou seja, aquilo que o
homem medieval tinha como imutável (a religião), o homem pós moderno não tem.
Sente-se ainda mais perdido.
Hoje
muda tudo muito depressa? Há mil anos atrás também!
Esta
ideia de instabilidade com que nos atingiram, contrária às enormes conquistas
civilizacionais conseguidas durante o século XX, representa a prova maior de
que entrámos, profundamente, numa idade média.
Após
um século de avanços enormes, no direito, na organização do estado, na
economia, na igualdade de oportunidades, na segurança social e na estabilidade da
vida, o que permitiu planear o futuro e apostar na evolução individual e
colectiva, com benefícios inquantificáveis para toda a humanidade, eis que se
nos apresenta, como novo e moderno – qual destruição de Roma pelos bárbaros –
um estado de instabilidade, que nos é vendido como inevitável e inexorável.
Provando
a história que não existem inevitabilidades, que a idade média teve fim e que a
resposta para a barbárie é a civilização, a verdade é que a barbárie volta
sempre. De novo se anunciam as guerras territoriais, as guerras pela riqueza,
as corridas ao armamento e a exploração do povo como forma de obtenção de
riqueza e de submissão aos interesses das classes sociais dominantes.
A
instabilidade apresentada como inevitável
nada
mais é do que um instrumento de domínio social
De
novo se anuncia a ganância do dinheiro como a fonte de todos os males,
substituindo-se, apenas, o anterior papel da igreja. Actualmente, nesta idade média,
são os mercados que representam o poder omnipresente e omnipotente que
representava deus, na idade média.
Se
na idade média não se podia provocar a ira divina, sob pena das maiores misérias,
no século XXI, o século medieval pós moderno e pós civilizacional, não podemos
provocar a ira dos mercados. Resultado? Todas as dimensões da nossa existência
(trabalho, família, consumo, estado…) têm de funcionar em prol e no interesse
dos “mercados”. Senão, as maiores misérias se anunciam.
Neste
ponto surge mais um paralelo histórico. Se antes a vida tinha de se acomodar
aos trâmites da igreja para aplacar a ira divina, agora tem de se acomodar aos
mercados, senão…Misérias inimagináveis atingem os países e a humanidade.
Tanto
numa, como noutra situação, a acomodação da vida aos interesses superiores de
um ente supra material, não liberta ninguém da miséria. Ou seja, sê miserável
porque senão, ficas miserável.
A
história tende a repetir-se, porque os actores são sempre os mesmos
Na
idade média, dizia-se ao povo que tinha de viver como Cristo enquanto o clero e
a nobreza viviam no fausto. O povo era explorado e não podia enriquecer até
porque, se tal acontecesse, castigos tenebrosos recairiam sobre os pecadores. Então,
miseráveis tinham de continuar para que não fossem vítimas de uma miséria maior
(como se tal fosse possível).
Actualmente
dizem-nos, temos de apertar o cinto, temos de levar com a austeridade e temos
de empobrecer. Se não nos tornarmos miseráveis os mercados atiram-nos com uma
miséria ainda maior. Enquanto ficamos pobres para não ficarmos pobres, as
classes dominantes (clero, nobreza, alta burguesia) andam no fausto como
andavam na idade média anterior. E nós temos de levar com isto porque senão, ái
de quem levar com ira dos mercados e dos investidores…
Hei-de
voltar a este tema outra vez, contudo, julgo que esta comparação histórica, a
meu ver, nada exagerada e absolutamente real, nos permite constatar o quão
acelerado está o processo de “medievalização” das nossas sociedades contemporâneas.
Ainda não chegámos ao extremo? Claro que não. Ainda estamos no princípio. Mas o sentido é claramente descendente e senão
o travarmos, chegamos ao extremo, com toda a certeza.
Reafirmar
princípios experimentados para travar a “medievalização”
Daí
que eu volte ao início, acabando como comecei. Temos de remontar aos princípios
éticos, filosóficos, ideológicos e científicos. Não nos podemos perder no meio
da informação difusa que nos enviam. O sistema dominante tem como objectivo a
corporização da mesma ideia reaccionária que tinha a igreja nos tempos da
inquisição. A ideia de que se não nos submetermos, estaremos desprotegidos face
à ira de um ente superior e inatingível. Antes era o Deus católico, judaico ou
muçulmano, hoje são os mercados. As classes dominantes sempre encontraram
formas de domínio e exploração através do medo e da sensação de insegurança. A
sua grande arma sempre foi essa, o medo do amanhã.
A
grande arma de domínio é o medo do futuro
A
solução, mais uma vez, é percebermos quem fomos o que tivemos e o que deveríamos
ser. A solução é não termos medo do amanhã, porque o amanhã pode e deve ser
construído por todos e cada um de nós. O futuro é o que nós quisermos que seja.
Assim,
se os últimos 50 anos do século XX nos permitiram construir as sociedades mais
justas e evoluídas de sempre, porquê abandonar esse processo? Porquê desistir
dele? Porquê desistir dos princípios e das ideologias libertárias e humanistas
que os corporizaram?
O
tempo é de reafirmar como nunca esses princípios. O tempo é de dizer à reacção
que não queremos o seu domínio. O tempo é de dizer que o caminho se faz para a
frente e não para trás e em nenhum momento o atraso poderá ser visto como uma
coisa boa ou desejável. O tempo é de dizer que esta estratégia de dominação
pelo medo e pela instabilidade é, por demais, conhecida e indesejada. O tempo é
de lutar pelo amanhã e não de ter medo dele. O tempo é nosso, é de todos os que
não se acomodam.
Não
prescindam dos princípios que nos deram a sociedade mais evoluída de sempre. Não
prescindam dos princípios que obrigaram o capital a aplacar a sua sede sanguinária
de riqueza e poder. Não permitam que apresentem ideais libertários como
ultrapassados.
Um
ideal progressista, humanista e libertário nunca é ultrapassado. Nunca o
poderia ser.
Não prescindam
a esperança num futuro melhor, senão, não vos sobra nada porque viver e lutar.